Aveiro continua a lutar pela inclusão da ampliação do hospital na “bazuca” europeia

Projecto considerado prioritário para a região não está entre os contemplados pelo Plano de Recuperação e Resiliência. Ribau Esteves não desiste e diz que “até ao lavar dos cestos é vindima”.

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Demolição do estádio para dar lugar à ampliação do hospital Adriano Miranda

Os alarmes ecoaram na última sessão da Assembleia Municipal de Aveiro, levando o presidente da autarquia, Ribau Esteves, a considerar “inadmissível” a não inclusão do projecto de qualificação e ampliação do hospital de Aveiro no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). O autarca não esteve sozinho nas críticas – também se ouviram reparos nas bancadas do CDS e do PSD - e já fez saber que continuará a lutar para que o investimento seja incluído na chamada “bazuca” europeia, o mega pacote de ajudas financeiras para responder às consequências da covid-19. “Até ao lavar dos cestos é vindima”, sustenta Ribau Esteves, recordando que o plano está em fase de consulta pública. Em simultâneo, promete continuar a actuar noutras duas frentes, de forma a contrariar os “adversários” de Aveiro.

O projecto de qualificação do hospital de Aveiro, recorde-se, contempla a construção de um edifício com duas áreas autónomas, uma para a actividade hospitalar de ambulatório (consulta externa, hospitais de dia e cirurgia de ambulatório) e outra para o Centro Académico Clínico (formação e investigação aplicada em saúde hospitalar).

Passados mais de quatro anos da assinatura do memorando de entendimento para a ampliação da unidade de saúde aveirense, e já com o estádio demolido e os terrenos prontos, as entidades envolvidas no projecto – com especial destaque para o Centro Hospitalar do Baixo Vouga, Universidade de Aveiro e Câmara Municipal de Aveiro – estão, segundo o edil, a trabalhar em várias frentes. Tentam garantir o financiamento para a elaboração do projecto – neste caso, “ainda no âmbito do Centro 2020” - e também para a obra propriamente dita, que “andará entre os 150 e os 180 milhões de euros”, investimento que os parceiros do projecto gostariam de ver inscrito na “bazuca” europeia.

“Lutámos e vamos continuar a lutar pelo PRR”, assevera Ribau Esteves, notando que existe a “probabilidade de, no decorrer da própria execução do plano, poderem vir a ser incluídos objectivos que à partida não estão lá”. Em paralelo, explica o edil, a equipa continuará a lutar para encontrar espaço de financiamento no quadro comunitário 2021-2027. O importante, frisa, é garantir o cumprimento destes “objectivos de Aveiro”, lutando contra alguns “adversários”. “Temos inimigos, em zonas próximas do nosso território, que não querem estas coisas boas para Aveiro, não querem perder poderes e, portanto, essa é a adversidade que temos que ultrapassar”, denuncia Ribau Esteves. Ainda que o autarca se tenha escusado a especificar quem são os adversários, não é de estranhar que a crítica seja dirigida a Coimbra. Há muito que Aveiro se queixa da hegemonia da capital de distrito vizinha, em especial na área da saúde.

PRR secundariza sector da saúde

Ribau Esteves entende que a saúde está “muito secundarizada no PRR”, o que não deixa de ser contraditório atendendo a que “a doença está na origem do PRR”. “No conjunto das dos 14 mil milhões, a saúde tem 1,4 milhões, ou seja, 9,8 % do valor total dos fundos do PRR”, contabiliza o também líder da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA), reparando que o combate à covid-19 veio evidenciar “insuficiências graves” do sector da saúde. “Já conhecíamos deficiências anteriores no nosso Sistema Nacional de Saúde, nomeadamente na rede hospitalar, e a pandemia veio colocar a nu outras deficiências estruturais da nossa oferta de equipamentos”, avalia o autarca.

CX

Socialistas apontam para fundos europeus

O Partido Socialista não tardou a reagir à tomada de posição do autarca eleito pela coligação PSD/CDS-PP. Além dos reparos levantados pela comissão concelhia socialista, Hugo Oliveira, coordenador dos deputados do PS/Aveiro e vice-presidente da federação distrital socialista, veio a público criticar o presidente da CIRA. “Ribau Esteves usou a não inclusão da ampliação do Hospital de Aveiro, hipótese que ele próprio havia considerado residual dado o estado ainda embrionário de elaboração do projecto – aquando da reunião que manteve sobre o assunto com a ministra da Coesão Territorial – como cortina de fumo para esconder as conquistas históricas que o PRR significa”, considerou Hugo Oliveira.

Nesta nota enviada à comunicação social, o deputado socialista fez questão de garantir que “o PS se manterá empenhado em concretizar a inclusão da ampliação do Hospital de Aveiro no Plano Nacional de Investimentos 2030 (PNI 2030), meta com que julgava contar com a solidariedade do presidente da CIRA”.

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