De Vila do Conde a Miranda, há três milhões para reabilitar mais património no Norte

A Direcção Regional de Cultura do Norte viu serem aprovadas sete novas candidaturas ao Programa Operacional Norte 2020. Igreja de Tibães volta a ser alvo de restauro, duas décadas depois.

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Igreja do Mosteiro de Tibães teve obras em 1999, mas volta a precisar de ser reabilitada daniel rocha

Duas décadas depois, a igreja do antigo mosteiro beneditino de Tibães, em Braga, vai voltar a ser alvo de uma intervenção de reabilitação, para resolver “problemas graves de conservação”. Esta é uma das próximas prioridades da Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN), que viu aprovadas sete candidaturas para restauro de edificado civil e religioso em vários pontos da região, conseguindo assim três milhões de euros para intervir na matriz quinhentista de Vila do Conde, no Paço dos Duques, em Guimarães, no Museu dos Biscainhos de Braga, no Museu da Terra de Miranda, no Mosteiro de São Bento da Vitória, no Porto, e na igreja matriz de Torre de Moncorvo. 

Um terço deste investimento vai para dois equipamentos do Ministério da Cultura em Braga, o Museu dos Biscainhos, no centro da cidade, e Tibães, a antiga casa-mãe dos beneditinos em Portugal, adquirida pelo Estado na década de 80 e que tem vindo a ser alvo de várias intervenções. No Palácio dos Biscainhos, para onde estão alocados 730 mil euros, a DCRN anuncia obras de conservação e restauro para “travar o processo de degradação”, mas também trabalhos de “protecção, valorização e promoção de um património único, de elevado valor e carácter singular”, existente na antiga morada dos condes de Bertiandos, do século XVII.  

Problemas na igreja de Tibães

Nos arrabaldes da cidade, no Mosteiro de Tibães, a intenção da DRCN é regressar à igreja, cujo restauro, de 1999, não resolveu todos os problemas estruturais do templo barroco. “A actual candidatura visa, além da intervenção física na estrutura construtiva da Igreja, a protecção do espólio artístico existente no seu interior, património único de valor incomensurável, já intervencionado e actualmente em risco de perda, por condições ambientais inadequadas à sua preservação”, assume a tutela regional.

Para além de envolver a recuperação integral do telhado da igreja, a intervenção de mais de 330 mil euros prevê a reabilitação das duas torres sineiras com a construção de uma estrutura amovível, na torre sul, que não tem sinos. Esta plataforma permitirá a visitação deste espaço, de onde se avista o interior do mosteiro, a cerca e a encosta por onde esta se desenvolve e a própria cidade de Braga. Um novo ponto de vista para a chamada Roma Portuguesa, que já era conhecida por poder ser apreciada a partir de um canudo (um monóculo instalado no Bom Jesus). 

Sem ter o enquadramento de outras intervenções realizadas no âmbito de candidaturas conjuntas, como a Rota das Catedrais ou a Rota dos Mosteiros, este leque de obras não deixa de ser, ele próprio, um roteiro por património importante da Região Norte, juntando edifícios civis e religiosos, desde a costa à fronteira com Espanha. 

E em São Bento da Vitória, no Porto

No litoral, a matriz quinhentista de Vila do Conde vai levar uma cobertura nova, num investimento de quase 580 mil euros que inclui outras intervenções no exterior do monumento. Com esta obra, espera-se conseguir minimizar outros problemas de conservação detectados no interior deste templo marcado por um singular portal manuelino, já alvo de restauro, como toda a fachada. Em Guimarães, no paço dos duques de Bragança, a preocupação é diferente. Vão ser investidos 280 mil euros na requalificação e ampliação da recepção e espaços de apoio ao visitante para tornando “mais acessível, amigável e eficiente” o acolhimento de um dos monumentos mais visitados da região.

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A Matriz de Vila do Conde vai ser alvo de obras no valor de 580 mil euros Adriano Miranda

No Porto, onde a DRCN está a terminar uma obra de vulto num dos mais exuberantes exemplares do barroco joanino do país, a igreja de Santa Clara, a igreja do antigo mosteiro de São Bento da Vitória vai também ser alvo de um Investimento de quase 145 mil euros. Este monumento nacional tem espaços geridos e ocupados pelo Teatro Nacional de São João e pelo Arquivo Distrital do Porto, mas é no templo do final do século XVII e XVIII que se concentra a nova intervenção, que prevê reabilitação do edifício e restauro da máquina do respectivo órgão.

Novo ciclo no Museu da Terra de Miranda

Douro acima, em Torre de Moncorvo a degradação do granito da matriz da sede de concelho é motivo de preocupação. Segundo a DRCN vão ser despendidos 205 mil euros nos trabalhos de restauro, que abrangerão principalmente, os portais, onde o estado da pedra “coloca em risco a sua expressão decorativa, bem como a própria funcionalidade dos vãos”. Para além de uma intervenção de “reabilitação, restauro e consolidação do edificado”, a tutela pretende ainda, com esta verba, melhorar as condições de acessibilidade e visita.

Ainda à beira-Douro, mas já no seu troço internacional, o Museu da Terra de Miranda é o equipamento tutelado pela DRCN que absorve a maior fatia destes três milhões de euros de investimentos. Ao todo são cerca de 820 mil euros para, ao longo de dois anos, se proceder a uma “significativa intervenção no seu edifício, bem como no seu discurso expositivo”, anuncia a tutela. Explicando que, com a obra, pretende “criar uma museografia mais contemporânea, mais interactiva, mais atractiva”, de modo a afirmar este museu como uma “âncora” para este território do interior. 

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