Gana: a infância presa em redes de pesca (e de tráfico humano)

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A beleza etérea das fotografias do livro Boys of Volta, de Jeremy Snell, contrasta diametralmente com a dura realidade que documentam. Junto ao Volta, o maior lago artificial do mundo, no Gana, o dia de muitas crianças começa ainda antes do nascer do Sol. Por volta das 4h, já se encontram junto às águas onde vive o peixe que irão ajudar a capturar.

Num comunicado enviado ao P3, Snell recorda a primeira manhã de 2017 que passou junto ao lago: "Vimos alguns barcos cheios de crianças, algumas com apenas seis anos. Percebemos que muitos rapazes são forçados a pescar no lago e não podem ir à escola." Os seus pequenos corpos e mãos parecem especialmente talhados para o tipo de pesca artesanal que é praticada. "As crianças ficam a cargo de mergulhar e retirar das redes de pesca, debaixo de água, todos os ramos de árvores e arbustos que lá ficam presos. As águas são bastante turvas e elas têm de conseguir suster a respiração durante muito tempo. Estas crianças têm uma vida muito dura." São, em muitos casos, vítimas de tráfico humano, garante.

Para proteger as crianças que trabalham no Volta, que vivem sob o domínio de redes de tráfico, o fotógrafo norte-americano não as retratou directamente. Optou, "por razões éticas", por fotografar outras crianças da região. "Elas voluntariaram-se e os pais assinaram permissões porque querem afirmar-se contra o tráfico humano", explica. "Em resultado, pude encenar estas imagens nas águas e contar esta história de forma diferente." Parte da receita da venda do fotolivro Boys of Volta, editado recentemente pela Setanta Books, reverte a favor da organização não-governamental International Justice Mission, dedicada à erradicação da escravatura dos tempos modernos.

©Jeremy Snell
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