Lachoix: a marca portuguesa de loafers que triplicou as vendas durante a pandemia

Fátima Carvalho, fundadora da marca, diz reconhecer que comprar um par dos seus sapatos é um investimento considerável, mas acredita que representa “um valor acrescentado” para perdurar no tempo, pelo conforto e versatilidade.

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Os loafers da Lachoix têm por base o modelo andrógeno e são fabricados em Portugal DR

Andar confortável sem estar sempre a usar sapatilhas: um dilema com que muitas mulheres se deparam. Também Fátima Carvalho passava pelo mesmo na hora de escolher o que calçar. De uma “necessidade pessoal” e uma lacuna no mercado do calçado português, nasceu a Lachoix — uma marca dedicada aos loafers, sapatos rasosEm 2020, graças à pandemia, triplicou o volume de vendas.

O nome é francês e Fátima Carvalho, fundadora da marca, não esconde que foi escolhido já a pensar na internacionalização. Choix em francês significa escolha — precisamente o que a marca quer oferecer, “escolha, versatilidade e conforto”. “Podem sair para trabalhar e ir directamente jantar com estes sapatos”, sugere a fundadora da Lachoix.

Mas se ideia é oferecer conforto, porquê escolher uns loafers? Quando deixou de usar saltos altos, Fátima Carvalho sentiu falta de uma alternativa aos ténis. Foi então que se lembrou dos loafers, pela sua praticidade e versatilidade. No mercado português não encontrava sapatos rasos com qualidade a “um preço médio”. Em 2014, começou a pensar em reinventar o modelo clássico dos loafers e preencher essa lacuna do mercado.

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Fátima Carvalho, fundadora da Lachoix DR

Encontrar a forma ideal para o loafer Lachoix não foi fácil, confessa, em entrevista ao PÚBLICO. “Tinha uma forma idealizada, que partiu do modelo andrógeno, mas procurei dar um toque mais feminino”, explica. Em 2018, quatro anos depois da ideia inicial, a marca foi oficializada e os loafers começaram finalmente a ser produzidos — em fábricas portuguesas, onde procuram, a cada produção, melhorar alguns detalhes.

Outro dos desafios com que Fátima Carvalho se deparou foi precisamente encontrar uma fábrica que produzisse quantidades diminutas, sem perder o cuidado ao detalhe, nem a qualidade. Os materiais a usar no fabrico dos loafers podem “alterar completamente o sapato”, explica a fundadora, que conta que vai “aprendendo pelo erro” e que essa é para si “a grande complexidade da indústria”.

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“Conforto sem nunca perder elegância” 

Já é sabido que o fato de treino se tornou o uniforme do confinamento, e o conforto assume, com a pandemia de covid-19, uma importância redobrada. Fátima Carvalho quer que os seus sapatos primem pelo conforto, que “faz mais sentido do que nunca”, mas “sem nunca perder elegância e sofisticação”. “As mulheres precisavam perceber que não é preciso usar saltos altos para estarem bonitas e confiantes”, acredita a fundadora da Lachoix.

A mulher Lachoix é precisamente isso — uma mulher confiante, “activa”, “atenta às tendências”, define Fátima Carvalho. A fundadora da marca diz reconhecer que comprar um par de loafers Lachoix é um investimento considerável para a mulher portuguesa — o modelo Tomboy, o clássico da marca, custa 190 euros — mas acredita que representa “um valor acrescentado” para perdurar no tempo, já que os sapatos podem ser usados o ano inteiro.

São muitas as clientes portuguesas que acompanham a Lachoix desde o início, mas a pandemia de covid-19 fez triplicar a venda dos loafers de Fátima Carvalho, em especial para o estrangeiro. As novas clientes chegam de Itália, Espanha e Alemanha, mas também, “curiosamente”, da Rússia. As vendas online dispararam e Fátima Carvalho acredita que a explicação está, não só no facto de “as pessoas terem mais tempo para comprar”, mas também porque “apesar de não saírem, sabem que estão a comprar um sapato intemporal”.

Ainda que o trabalho tenha “duplicado” e a marca esteja cada vez mais focada na internacionalização, é na mulher portuguesa que Fátima Carvalho continua a pensar e a “querer fazer a diferença no roupeiro”. Em breve, numa tentativa de combater o desperdício, vai lançar um “produto diferente”. “Tinha uma preocupação quando chegava à fábrica e via os restos de pele que sobravam”, recorda a empresária, que quer então aproveitar “os retalhos” para fazer novos sapatos. O objectivo é, conclui, “combater o desperdício que a própria marca gerava”.

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