Morreu o actor francês Jean-Pierre Tailhade, que foi da Comuna e do Teatro do Mundo

Trabalhou também com o cinema português, em filmes de Manoel de Oliveira, João Mário Grilo e Rita Azevedo Gomes.

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Jean-Pierre Tailhade (à esq.), com Manoel de Oliveira e João Bénard da Costa, na rodagem de O Sapato de Cetim DR

O actor e encenador francês Jean-Pierre Tailhade morreu no domingo, aos 81 anos, em Lisboa, disse esta segunda-feira à agência Lusa a realizadora Rita Azevedo Gomes.

De acordo com a mesma fonte, o actor, que fez teatro e cinema em Portugal depois a Revolução de Abril de 1974, morreu no Hospital Curry Cabral, não tendo sido adiantadas as causas da morte.

Jean-Pierre Tailhade, nascido em Toulouse em Agosto de 1939, esteve na fundação do Théâtre du Soleil, em 1964, juntamente com Ariane Mnouchkine e Philippe Léotard, passou pelo Théâtre de l'Acte e esteve na organização do festival mundial de teatro de Nancy.

Na página oficial do actor, recorda-se que, nos anos 1970, já em Portugal, fez parte do grupo Comuna - Teatro de Pesquisa, ao lado de nomes como João Mota, Carlos Paulo e Manuela de Freitas, entrando em peças como Fogo!, O Muro” e Em Maio. Em 1979, com Manuela de Freitas e José Mário Branco, Jean-Pierre Tailhade esteve no aparecimento do Teatro do Mundo, tendo trabalhado nesta companhia ao longo da década seguinte.

Jean-Pierre Tailhade foi repartindo o trabalho artístico entre Portugal e França, em particular em Toulouse, onde dirigiu a peça Parlez-moi d'Amour, com o Théâtre de l'Acte, e fundou, nos anos 1990, a companhia Les Enfants du Paradis. Em 1993, em Toulouse, criaria ainda o Théâtre de l'Eclat, estrutura que dirigiu até ao fim.

Apesar de se considerar um homem do teatro, Jean-Pierre Tailhade também fez cinema em Portugal, trabalhando com realizadores como Rita Azevedo Gomes (O Som da Terra a Tremer, 1990), Manoel de Oliveira (O Sapato de Cetim, 1985) e João Mário Grilo (foi co-argumentista de O Processo do Rei, 1989).

De acordo com Rita Azevedo Gomes, a última representação de Jean-Pierre Tailhade foi em 2019, em Labège, perto de Toulouse, “com a revelação do diário de María Casarès, Resident Privilégiée”.

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