Cotrim Figueiredo admite que legislatura não chegue ao fim

Presidente da Iniciativa Liberal admite que Mesquita Nunes seria um bom candidato a Lisboa e reconhece contactos — inconclusivos — com Rui Moreira.

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Esquerda vai engolir sapos para evitar eleições antecipadas, antevê presidente da IL Nuno Ferreira Santos

O presidente e deputado único da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim de Figueiredo, admite que a presente legislatura não vá chegar ao final. Ou seja, considera a possibilidade de eleições antecipadas.

“Há sinais de podermos não chegar ao fim da legislatura. Depende da análise que o primeiro-ministro e secretário-geral do PS fizer sobre a possibilidade de ter maioria absoluta”, considera este domingo Cotrim de Figueiredo em entrevista à TSF e ao DN.

No entanto, destaca que uma eventual crise política não terá a assinatura de António Costa. “Nunca poderá ser provocada porque o primeiro-ministro é hábil e sabe que quem provoca crises políticas é penalizado, mas pode criar as condições para que essa crise aconteça e seja necessário antecipar eleições”, refere.

E explicita os possíveis motivos socialistas de tal opção. “É muito tentador para o PS presidir um Governo numa altura em que haverá muitos fundos para distribuir e uma recuperação económica para gerir”, antevê.

O timing dessa situação está por definir, embora a aprovação do Orçamento de Estado (OE) para 2022 seja uma oportunidade. “O OE será certamente o toque. E, repito, acho que só acontecerá se o PS tiver a noção de que é possível chegar sozinho à maioria absoluta”, insiste.

O presidente da IL considera que o desejo hegemónico dos socialistas coloca um dilema aos parceiros da antiga “geringonça”, Bloco de Esquerda e PCP. “Os partidos de esquerda têm outras preocupações, de sobrevivência. É o caso oposto, se acharem que eleições antecipadas poderão conduzir a uma continuada erosão da sua base eleitoral terão de engolir sapos para não permitir que haja crise política”, assinala.

IL não pesca à linha

Embora diga que a IL não faz “pesca à linha” de personalidades e que quer adesões de convicção pelas ideias, Cotrim refere-se, longamente, a Adolfo Mesquita Nunes, challenger de Francisco Rodrigues dos Santos no CDS-PP.

Ainda que admita que não falou com o advogado e antigo deputado, abre-lhe a porta. “Se achar que o seu futuro político continua a passar pela participação em partidos e que na IL esse futuro existe, pois com certeza que será bem-vindo, como qualquer pessoa convictamente liberal”, anuncia.

A disponibilidade não fica por aqui. Perguntado se Mesquita Nunes reúne as condições de perfil para ter o apoio do seu partido, como independente, à conquista da Câmara de Lisboa, é peremptório: “Poderia. Poderia”.

João Cotrim de Figueiredo revela, também, quem poderá apoiar à Câmara do Porto. “O Rui Moreira poderá ser. Não vou esconder que houve já conversas com Rui Moreira — não foram conclusivas. Vamos ver… Mas só se houver noção de que há uma tendência de pendor liberal na gestão autárquica é que merecerá o nosso apoio”, reconhece.

A cerca de um mês do debate no Parlamento suscitado pelo PSD de adiamento das eleições autárquicas, Cotrim calibra a sua posição. “Não faz sentido tomar uma decisão dessas com esta antecedência. O que faz sentido, para evitar que a decisão seja tomada em cima do joelho, é definir um conjunto de critérios objectivos quer sobre a situação pandémica na altura quer sobre o andamento do plano de vacinação e, prospectivamente, como as coisas vão estar em Outubro”, enuncia.

Numas eleições que são convocadas pelo Governo, define o tempo dessa opção: “A nossa proposta seria de 15 de Julho.”

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