Família de Malcolm X divulga carta que sugere que o FBI teve um papel na sua morte

Alguns historiadores têm argumentado que foram condenados os homens errados pelo crime. O gabinete do procurador de Manhattan Cy Vance disse no ano passado que iria rever as condenações.

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Martin Luther King e Malcolm X em 1964 Reuters

Membros da família de Malcolm X tornaram público o que dizem ser uma carta de um polícia que morreu em que este diz que o Departamento de Polícia de Nova Iorque e o FBI estiveram por trás do assassínio do líder negro em 1965.

Malcolm X foi um orador eficaz que ganhou importância como porta-voz nacional da Nação do Islão, um grupo afro-americano muçulmano que defendia o separatismo negro. Passou mais de uma década no grupo antes de se desiludir e se desvincular publicamente em 1964. Moderou, então, algumas das suas antigas opiniões sobre os benefícios da separação racial.

Foi morto no Aubudon Balroom em Nova Iorque, enquanto se preparava para discursar. Três membros da Nação do Islão foram condenados pela sua morte.

A carta, divulgada numa conferência de imprensa no sábado, foi atribuída a um antigo agente à paisana da polícia de Nova Iorque, Raymond Wood. O primo de Raymond, Reggie Wood, juntou-se a algumas das filhas de Malcolm X na conferência de imprensa no local onde antes ficava o Audubon Ballroom. 

A carta de Raymond Wood diz que o polícia foi pressionado pelos seus supervisores para levar dois membros da segurança de Malcolm X para cometerem crimes, o que teve como resultado a sua detenção dias antes do assassínio.

A carta alega que as prisões tiveram como objectivo afastar os seguranças do seu trabalho e da porta da sala onde Malcolm X iria discursar. Eram parte, diz a carta, de uma conspiração da polícia de Nova Iorque e do FBI para matar o activista de direitos civis. 

“Sob direcção dos meus superiores, foi-me dito para encorajar líderes e membros dos grupos de direitos civis a cometer crimes”, disse a carta de Wood.

Alguns historiadores têm argumentado que foram condenados os homens errados pelo crime. O gabinete do procurador de Manhattan Cy Vance disse no ano passado que iria rever as condenações no caso.

Após a conferência de imprensa de sábado, o gabinete de Vance disse, em comunicado, que “a revisão deste assunto está activo e em progresso”. A polícia de Nova Iorque disse, pelo seu lado, que “providenciou todos os registos disponíveis ao gabinete do procurador”. O FBI recusou comentar o assunto.

A filha de Malcolm X’, Ilyasah Shabazz, disse que viveu sempre com incerteza em relação às circunstâncias da morte do pai. “Qualquer prova que chegue mais perto da verdade atrás desta tragédia terrível deve ser totalmente investigada”, declarou na conferência de imprensa.

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