Morreu o escultor italiano Arturo Di Modica, autor do Touro de Wall Street

Arturo Di Modica fica conhecido pela obra polémica instalada em frente à Bolsa de Nova Iorque.

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Arturo Di Modica com a sua escultura em 1993 Michael Schwartz/New York Post Archives / NYP Holdings, Inc. via Getty Images
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O escultor siciliano Arturo Di Modica, autor do famoso símbolo do touro de bronze instalado em Wall Street, Nova Iorque, morreu na madrugada de sexta-feira para sábado, aos 80 anos de idade.

O escultor lutava contra um cancro há já vários anos e o seu estado de saúde “tinha piorado nas últimas semanas”, segundo a edição digital do diário La Repubblica. Segundo a imprensa italiana, Arturo Di Modica, morreu na sua casa, em Vittoria, no sul da Sicília.

A obra mais emblemática do escultor siciliano é a escultura de bronze com mais de três toneladas, que se encontra a dois quarteirões da Bolsa de Nova Iorque. Foi ele próprio que investiu do seu dinheiro na produção da obra, que não tinha sido encomendada por ninguém. Do bolso de Arturo Di Modica saíram 360 mil dólares, que representam cerca de 300 mil euros ao valor de câmbio actual.

A escultura, chamada Charging Bull ("Touro em investida”, numa tradução livre), tornou-se num símbolo de “arte de guerrilha”, tendo sido esculpida e financiada pelo artista e colocada de forma não autorizada na Broad Street de Manhattan​. A inspiração para a escultura foi a queda da bolsa de 1987 — que ficou para a História como “segunda-feira negra” — e representava a “força e o poder do povo norte-americano”.

Em Dezembro de 1989​, Di Modica tinha transportado a sua escultura para a Manhattan, e colocou-a debaixo de uma árvore de Natal em frente à Bolsa de Nova Iorque, como prenda de Natal para os nova-iorquinos.

Depois de ter sido inicialmente retirada, gerando uma onda de protestos, o touro acabou por ficar na sua posição definitiva: a norte do Bowling Green Park, no cruzamento da Broadway, sendo hoje um dos pontos turísticos da cidade.

Numa recente entrevista ao La Repubblica, o escultor relatou a génese do seu projecto: “Era um tempo de crise, a Bolsa de Nova Iorque tinha caído mais de 20% (...). Com alguns amigos, perguntei-me o que poderia fazer pela “minha” cidade. Claro que sou de Vittoria, mas vivi em Nova Iorque durante mais de 40 anos. Assim, surgiu-me a ideia de esculpir um touro, a imagem da bolsa de valores a subir: o que começou por uma brincadeira, uma provocação, acabou por tornar-se algo sério”.

Em 2017, a estátua deixou de estar sozinha: uma figura de uma rapariga foi colocada em frente ao touro, que ficou conhecida como “Fearless Girl" (rapariga sem medo). O autor do Touro de Wall Street opôs-se à instalação, dizendo que a sua estátua deveria ser símbolo de “força, poder e amor”, e que colocar a “Fearless Girl” a enfrentar o touro tinha virado a sua mensagem para algo negativo.

A obra de Kristen Visbal projectada para chamar a atenção para a desigualdade de género, em especial nas grandes empresas, acabou por ser retirada do local e figura hoje em frente ao edifício da bolsa de valores de Nova Iorque.

Charging Bull é hoje uma das obras de arte mais fotografadas da cidade de Nova Iorque, sendo um símbolo do sistema financeiro. A lenda diz que coçar-lhe o nariz, agarrar-lhe os chifres ou os testículos traz boa sorte.

A escultura foi também usada como alvo por movimentos de protesto contra o sistema capitalista - como o “Ocupa Wall Street” - e são vários os registos de tentativas de vandalismo ao longo dos anos. 

Durante a sua carreira, Di Modica esculpiu ainda outras peças de mármore e obras em bronze. Actualmente, estava a trabalhar numa escultura de dois cavalos com 40 metros de altura. com Lusa

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