Irão insiste que só cumprirá o acordo nuclear quando os EUA levantarem incondicionalmente as sanções

A mensagem do ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano surge um dia depois de uma reunião entre os chefes das diplomacia norte-americana, francesa, alemã e britânica sobre o programa nuclear de Teerão.

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O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif Dalati Nohra/Reuters

O Irão reiterou esta sexta-feira o seu apelo aos Estados Unidos para suspenderem todas as sanções impostas pelo ex-Presidente norte-americano Donald Trump, após uma oferta de negociações do governo do novo Presidente Joe Biden.

Teerão “reverterá imediatamente” as suas medidas de retaliação se os Estados Unidos “levantarem sem condições todas as sanções impostas, reimpostas ou renomeadas por Trump”, escreveu numa mensagem na rede social Twitter o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif.

O ministro enfatizou que o Irão concordou com a decisão da Administração Biden de reverter a alegação, amplamente desacreditada, do seu predecessor, de que a ONU havia imposto novas sanções relacionadas com o programa nuclear de Teerão.

As mensagens de Zarif surgem um dia depois de uma reunião virtual dos ministros dos Negócios Estrangeiros de França, Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos.

No final desta reunião, Washington anunciou que havia aceitado um convite da União Europeia (UE) para encetar conversações com Teerão no sentido de reactivar o acordo de 2015, que foi minado por Donald Trump.

Essas conversações vão ter a participação dos países que celebraram o acordo em 2015 (Irão, Estados Unidos, Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia) e permitirão “discutir a melhor forma de avançar no que diz respeito ao programa nuclear iraniano”, segundo o Departamento de Estado dos EUA.

Os chefes da diplomacia de França, Jean-Yves Le Drian, da Alemanha, Heiko Maas, do Reino Unido, Dominic Raab, e dos EUA, Antony Blinken, declararam em comunicado, após a videoconferência de quinta-feira, o objectivo de “ver o Irão voltar ao pleno respeito dos seus compromissos” assumidos em 2015, com vista a “preservar o regime de não proliferação nuclear e garantir que o Irão jamais adquirirá uma arma nuclear”.

A Administração Biden também anulou uma proclamação unilateral de Donald Trump, de Setembro, sobre o retorno às sanções internacionais contra o Irão, numa carta ao Conselho de Segurança da ONU.

Estas sanções, “levantadas pela resolução 2231 da ONU” que ratifica o acordo de 2015, “continuam levantadas”, referiu a carta obtida pela agência de notícias AFP.

O Departamento de Estado norte-americano também anunciou a flexibilização das restrições de viagem para Nova Iorque para diplomatas iranianos na ONU, limitadas durante a Administração Trump. Em particular, as restrições exigiam que os diplomatas fossem confinados a algumas ruas em redor da sede da ONU.

Assim, o Irão voltará a uma situação anterior, também imposta a Cuba e à Coreia do Norte, que permite que os seus diplomatas circulem livremente em Nova Iorque e arredores.

A reunião EUA-UE e as acções de Washington ocorreram no momento em que o Irão planeia restringir o acesso de inspectores da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) a instalações não nucleares, incluindo a partir de domingo, locais militares suspeitos de actividade nuclear.

Teerão ameaçou romper com os novos compromissos assumidos no acordo de 2015, a menos que os Estados Unidos retirem as sanções unilaterais impostas desde 2018 e que estão a prejudicar a economia iraniana.

A Europa e os Estados Unidos apelaram a Teerão para que avalie “as consequências de uma medida tão grave, em particular neste momento de oportunidade para um regresso à diplomacia”.

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