Osaka cimenta estatuto e Serena sai em lágrimas

Novak Djokovic é o primeiro finalista do Open da Austrália

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Naomi Osaka Reuters/KELLY DEFINA

Ao derrotar inapelavelmente Serena Williams, somar o 20.º encontro consecutivo e qualificar-se para a quarta final de um torneio do Grand Slam no período de dois anos, Naomi Osaka afirma-se como a melhor tenista da actualidade. A vitória da japonesa de 23 anos sobre a campeoníssima norte-americana nas meias-finais do Open da Austrália assemelhou-se a uma passagem de testemunho, reforçada pelas semelhanças entre ambas no estilo de jogo. No sábado, Osaka parte favorita para conquistar o seu quarto título do Grand Slam diante da estreante Jennifer Brady.

Osaka venceu os últimos oito pontos do confronto com a ídolo Serena, que encerrou com os parciais de 6-3, 6-4, em 75 minutos. Uma vitória que começou a tomar forma no primeiro set, em que Osaka colocou apenas 36% de primeiros serviços e cometeu três duplas-faltas.

“Comecei muito nervosa, é muito intimidante servir pela primeira vez no encontro e vê-la do outro lado da rede. Estava preocupada com o que ela podia fazer se batesse uma bola mais lenta e cometi muitos erros”, justificou Osaka.

Serena, que esteve a um ponto de fazer o 3-0 no primeiro set, só conseguiu quebrar a japonesa por duas vezes: logo no jogo inicial e no segundo set, quando três duplas-faltas adversárias a ajudaram a recuperar para 4-4. Mas uma dupla-falta e três winners de Osaka repuseram de imediato o ascendente da japonesa e Serena não ganhou mais nenhum ponto.

“Houve um momento, quando me preparava para responder ao serviço e só pensava que ela era a melhor servidora e eu não ia conseguir fazer o break. Disse a mim mesma que isso não interessava, pois só podia jogar um ponto de cada vez e dar o meu melhor em cada ponto”, disse Osaka.

A norte-americana de 39 anos continua à procura do 24.º título do Grand Slam e apresentou-se em Melbourne na melhor condição física desde que regressou à competição após ser mãe, em 2018. Dada a forte concorrência, Williams sabe que vai ser mais complicado a cada ano que passa. Depois de explicar que os acenos ao público não significaram uma despedida, Serena não conseguiu responder a uma pergunta sobre os 24 erros não forçados; as lágrimas apareceram, a voz ficou embargada e abandonou a conferência de imprensa, ao fim de três minutos.

No sábado (8h30 em Portugal), Osaka vai defrontar Jennifer Brady, numa reedição da meia-final do último Open os EUA, que ambas afirmaram ter sido um dos melhores encontros que já disputaram nas suas carreiras. “Tenho sempre presente que as pessoas não se lembram das finalistas. Até podem lembrar-se, mas são os nomes dos vencedores que ficam gravados no troféu. Acho que é nas finais que luto mais: é aí que se faz a separação”, frisou Osaka.

A norte-americana de 25 anos soube aproveitar o despovoamento de cabeças de série do seu quarto do quadro, nunca enfrentou uma adversária do top-20 ao longo da quinzena e diante de Karolina Muchova (27.ª), que nunca tinha passado dos quartos-de-final em Grand Slams, impôs a sua maior consistência e maturidade para vencer, por 6-4, 3-6 e 6-4.

Muchova, que dois dias antes, tinha eliminado a número um do ranking, Ashleigh Barty, teve duas baixas de rendimento que se revelaram fatais. A checa de 24 anos sentiu a pressão quando, no set inicial, serviu a 4-5 e, depois de um segundo set irrepreensível – em que perdeu somente um ponto nos jogos de serviço e cometeu um único erro não forçado –, sofreu um break a abrir a partida decisiva. Brady dominou até ao derradeiro jogo, de 18 pontos, em que teve de anular três break-points, antes de concluir no quinto match-point.

“Demorou mais do que eu queria. Estava muito nervosa, não sentia as pernas, os braços tremiam e só esperava que ela falhasse, mas não, ela estava cada vez mais agressiva. Comecei a murmurar ‘ponto a ponto, ponto a ponto’ e consegui fechar”, explicou.

Quando o ténis regressou, em Agosto, após a paragem causada pela pandemia, Brady situava-se no 49.º posto do ranking. Desde aí, conquistou o seu primeiro título no WTA Tour (Lexington) e atingiu uma meia-final do Grand Slam (Open dos EUA) para surgir em Melbourne na 24.ª posição da tabela WTA. Brady superou uma quarentena de 14 dias sem sair do quarto de hotel e é, agora, a primeira finalista de um major vinda do circuito universitário dos EUA desde 1983.

Djokovic acaba com sonho de Karatsev

Na primeira meia-final masculina, Novak Djokovic terminou com o memorável percurso do russo Aslan Karatsev, o primeiro estreante em torneios do Grand Slam a chegar às meias-finais. O líder do ranking esteve muito sólido desde o ponto inaugural e cometeu somente um erro não forçado nos primeiros 15 jogos.

Mas Karatsev (114.º) reagiu na segunda partida, reduziu de 1-5 para 4-5 e dispôs de mais dois break-points no derradeiro jogo. Foi então que Djokovic subiu o nível de jogo e retomou o controlo do encontro no set decisivo até concluir com o 17.º ás.

“Nunca me tinha sentido tão bem durante o torneio, física e mentalmente. Bati bem na bola, variando o ritmo e servi bem quando precisei sair de dificuldades, no final do segundo set”, resumiu o sérvio, depois de vencer, por 6-3, 6-4 e 6-2.

No domingo, Djokovic defronta o vencedor da segunda meia-final (manhã de sexta-feira em Portugal), entre Daniil Medvedev (4.º) e Stefanos Tsitsipas (6.º). “Estou também muito contente por ter dois dias de descanso. Recuperação continua a ser a prioridade”, frisou Djokovic.

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