Calma leva Tsitsipas a discutir lugar na final com Medvedev

Público no Open da Austrália não vai voltar a aplaudir Ashleigh Barty.

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Tsitsipas Reuters/JAIMI JOY

Pela segunda vez na já longa carreira, Rafael Nadal perdeu um encontro depois de vencer os dois sets iniciais. O autor da proeza foi Stefanos Tsitsipas, o grego de 22 anos que chega pela quarta vez às meias-finais de um torneio do Grand Slam. Em 2019, o actual número seis do ranking foi afastado nessa fase por Nadal; na sexta-feira, vai procurar a estreia em finais de majors, frente Daniil Medvedev, que não perde desde Outubro.

Ao longo das quatro horas de jogo, Tsitsipas foi conseguindo dominar os nervos iniciais e realizou uma exibição em crescendo, contrastando com Nadal. O espanhol de 34 anos foi superior nas primeiras duas horas, mas, na terceira partida, quando só tinha perdido um ponto no seu serviço, realizou um tie-break desastrado. Cinco erros directos nesse jogo decisivo por parte do número dois do ranking – que tinha ganho os 35 sets anteriores disputados em Grand Slams – ajudaram a inverter o curso do encontro.

Tsitsipas passou a dominar e, nos dois sets seguintes, obteve as primeiras oportunidades de quebrar o serviço adversário, ganhou 84% dos pontos disputados com o primeiro serviço, somou 27 winners e só enfrentou um break-point, no derradeiro jogo, antes de concluir no terceiro match-point, com 36.º winner.

“É uma sensação incrível de lutar a um nível tão alto e deixar tudo no court. Comecei muito nervoso e não sei o que se passou depois do terceiro set. Voei que nem um pássaro e tudo correu bem para mim”, disse Tsitsipas, após recuperar de 0-2 em sets e vencer, por 3-6, 2-6, 7-6 (7/4), 6-4 e 7-5. O único tenista que tinha conseguido igual façanha diante de Nadal tinha sido Fabio Fognini, no Open dos EUA de 2015. “Estive calmo nos momentos mais tensos e guardei tudo para mim. Estou muito contente com a atitude que mostrei no court”, admitiu o grego, por vezes intempestivo.

Também Daniil Medvedev (4.º) pode agradecer aos progressos no seu comportamento pelos resultados que o levaram a cimentar-se no top-5. O russo, finalista no Open dos EUA de 2019 e vencedor nas ATP Finals, elevou para 19 o número de encontros ganhos consecutivamente, ao eliminar o compatriota Andrey Rublev (8.º), por 7-5, 6-3 e 6-2.

“Estou muito contente por vencer este encontro em três sets, especialmente por ter sido muito físico. Acho que foi um encontro de alta qualidade. Para ser sincero, foi a primeira vez que vi Andrey cansado”, disse Medvedev, após a 11.ª vitória seguida sobre adversários do top-10. Medvedev e Aslan Karatsev são a terceira dupla de russos a chegar às meias-finais de um major, imitando Yevgeny Kafelnikov e Marat Safin, em 2001, e Nikolay Davydenko e Mikhail Youzhny, em 2006, ambas no Open dos EUA.

A boa notícia do fim do confinamento e da possibilidade de as bancadas de Melbourne Park poderem voltar a contar com público – máximo de 7477 espectadores para cada uma das cinco sessões que restam, com a obrigatoriedade do uso de máscaras – contrastou com a eliminação de Ashleigh Barty. A número um do ranking veio para este Open com legítimas ambições de suceder a Chris O’Neill, a última campeã australiana, em 1978. Mas Karolina Muchova (27.ª) superou Barty, depois de ausentar-se do court, a 1-6, 0-2, e voltar para jogar a um nível superior e vencer, por 1-6, 6-3 e 6-2.

“Penso que foi o calor, estava com tonturas, quase a desmaiar, por isso pedi ajuda médica”, explicou Muchova. Oito winners em cada um dos dois últimos sets bastaram para a checa de 24 anos qualificar-se para a sua primeira meia-final de um Grand Slam. “Tentei jogar pontos mais curtos, ser mais rápida e vir mais para a rede. Acho que essa foi a chave”, resumiu Muchova, que esta madrugada decide um lugar na final com Jennifer Brady (24.ª).

A norte-americana de 25 anos, menos um que a compatriota e amiga Jessica Pegula (61.ª), apresentou mais argumentos para ganhar por 4-6, 6-2 e 6-1, e assegurar a segunda presença em meias-finais de Grand Slams, cinco meses depois da estreia, no Open dos EUA. “Senti-me muito bem fisicamente. Vi-a um pouco cansada e isso ajudou-me mentalmente, a assumir o jogo”, afirmou Brady, que ganhou nove dos últimos 10 jogos.

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