A audácia de Pochettino subjugou o receio de Koeman

Com um hat-trick de Mbappé, o PSG goleou em Barcelona (4-1). O Liverpool venceu (2-0) o RB Leipzig e deu um pontapé na crise

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LUSA/ALBERTO ESTEVEZ

Concluído o primeiro round, a vantagem foi clara para os visitantes. Nos dois primeiros jogos da primeira mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, o Paris Saint-Germain deu um recital de bom futebol em Camp Nou perante um amedrontado Barcelona e, com uma goleada (4-1), tem na mão o apuramento para a fase seguinte; enquanto o Liverpool, que atravessa uma crise de resultados em Inglaterra, foi a Budapeste derrotar o RB Leipzig, vice-líder da Bundesliga, por 2-0.

No primeiro grande teste como treinador do PSG, Mauricio Pochettino mostrou em Camp Nou a face audaz que qualquer discípulo de Marcelo Bielsa tem que ter. Mesmo não tendo dois dos seus principais trunfos ofensivos (Neymar e Dí Maria), o técnico argentino não mostrou qualquer receio do nome do rival ou prudência na gestão da eliminatória e jogou em Barcelona para vencer.

Com Danilo no banco, o PSG apresentou-se na Catalunha num 4x2x1x3, com Gueye e Paredes a darem a segurança defensiva no meio-campo e o regressado Verrati a jogar quase como um “10”, apoiando o trio de ataque: Kean, Icardi e Mbappé.

Do outro lado, no papel também havia uma equipa de vocação ofensiva, mas o Barcelona pareceu quase sempre uma equipa com medo de falhar. Apesar do bom momento de Trincão, Ronald Koeman colocou dois franceses (Dembélé e Griezmann) no apoio a Messi, mas com a batalha a meio-campo quase sempre ganha pelos parisienses, os espanhóis apenas em contra-ataques assustavam Navas: o guarda-redes costa-riquenho evitou que Griezmann marcasse aos 14’.

Com mais bola e domínio territorial, o PSG pareceu estar sempre mais perto do golo, mas um erro de Kurzawa ofereceu a Messi a oportunidade de fazer o seu 28.º golo em 31 jogos de eliminatórias da Liga dos Campeões: o defesa do PSG deu um toque em De Jong na área e o argentino colocou o Barcelona a vencer.

Quase de seguida, Dembélé desperdiçou uma oportunidade flagrante de fazer o 2-0, mas cinco minutos depois de Messi marcar, Mbappé fez o empate numa jogada quase perfeita: após vários passes ao primeiro toque, a bola chegou aos pés do internacional francês que, com classe, depois de passar por Piqué e Lenglet, marcou de pé esquerdo.

Até ao intervalo, as oportunidades continuaram a surgir com assiduidade, confirmado o ascendente da equipa de Paris: o alemão ter Stegen teve sempre mais trabalho.

Para a segunda parte, Pochettino trocou Gueye, que já tinha amarelo, por Herrera, mas o filme do jogo manteve-se. Apesar de ter um resultado desfavorável, o Barcelona continuou a jogar no “risco zero” e a mostrar-se incapaz de ter ascendente sobre o PSG, e a audácia de Pochettino acabou por se sobrepor ao receio de Koeman.

Aos 65’, Paredes surgiu do lado direito sem qualquer marcação, colocou na área e, após uma defesa incompleta de Ter Stegen, o pé esquerdo de Mbappé voltou a fazer a diferença; aos 70’, Lenglet falhou a marcação e Kean, de cabeça, fez o 1-3.

Só aí, com a equipa perto do KO na eliminatória, Koeman arriscou (Trincão, Pjanic e Puig entraram aos 79’), mas o jogo já estava ganho por Pochettino, e, num contra-ataque, Mbappé, desta vez com o pé direito, completou o hat-trick.

Dentro de três semanas, no Parque dos Príncipes, o Barcelona vai precisar de uma noite épica para se manter na luta pela final de Maio em Istambul.

Com as fronteiras terrestres, marítimas e aéreas na Alemanha fechadas para quem tenha origem no Reino Unido, o RB Leipzig foi forçado a receber o Liverpool em Budapeste e os ingleses aproveitaram a viagem à Hungria para ganhar uma vantagem importante na luta pelos “quartos”.

Depois de sofrer no fim-de-semana a terceira derrota consecutiva na Premier League - apenas dois triunfos nas últimas dez jornadas -, Jürgen Klopp assumiu o mau momento da equipa e praticamente atirou a toalha ao chão na luta interna – os “reds” estão a 13 pontos do Manchester City” -, mas, na Champions, o Liverpool mostrou que continua bem vivo.

Apesar de atravessar um bom momento (tinhas duas derrotas nos últimos 17 jogos), o RB Leipzig não encontrou antídoto para a velocidade de Salah e Mané, que decidiram o jogo na segunda parte: o egípcio fez o 0-1 aos 53’ após um erro de Sabitzer; cinco minutos depois foi Mukiele que falhou e o senegalês fixou o resultado final.

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