Caminhar entre vinhas e laranjeiras

Fica a menos de uma hora do Porto e está na fronteira da região com o Douro, que corre ali perto. À volta da Casa de Vilacetinho, por entre 25 hectares de vinha e árvores de fruto, há um percurso circular sinalizado de 2,7 quilómetros.

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Um percurso de caminhada de 2,7 quilómetros permite conhecer a quinta
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João Miguel Maia é o administrador de um negócio de família que vai na terceira geração
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O palacete cor-de-rosa que dá nome à quinta data de 1790
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A casta avesso predomina nos 25 hectares de vinha
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A experiência de visita à Casa de Vilacetinho permite acompanhar os trabalhos na vinha

O caminho começa na adega da Casa de Vilacetinho, construída nos anos 1990 pelos pais de João Miguel Maia, administrador de um negócio que vai na terceira geração, e segue depois junto à delimitação norte da propriedade, de onde se pode ver a quase totalidade das vinhas. A “mancha” central que se avista daqui é avesso, mas na propriedade há mais videiras desta casta típica das sub-regiões de Amarante e de Baião.

Uma alameda empedrada conduz os visitantes à Casa de Ventozelas, que a família ainda usa, e depois surge o velho coreto, que há-de ser recuperado e oferece uma boa panorâmica da propriedade. Seguem-se as vinhas novas de loureiro – na quinta também há azal e um pouco de alvarinho, arinto e fernão pires. Um lanço de degraus curtos faz a ligação a uma cota mais baixa, onde havia um pomar, arrancado recentemente para plantar mais avesso. As laranjeiras ficaram, regras da casa. “A minha mãe proibiu-me de as arrancar”, conta João.

Entre o percurso e a estrada que dá acesso à propriedade, há mata e uma capela, igualmente construída pelos pais de João. Depois de o visitante passar pelos diospireiros e por mais laranjeiras, avista a “casa cor-de-rosa”, que dá nome à quinta e remonta a 1790. No palacete com jardim de buxos e aciprestes, a família quer fazer “um pequeno hotel de charme, com 11 quartos”.

A caminho da adega, há ainda uma pequena horta e uma fileira de limoeiros, tangerineiras e toranjeiras. Ao longo do percurso, surgem também macieiras, cedros, pinheiros, carvalhos, cameleiras. E o assobio dos pássaros e do vento é uma constante, numa experiência que é gratuita e permite acompanhar os trabalhos na vinha.

A vindima é o trabalho mais mediático, mas a vinha pede cuidados todo o ano. De Fevereiro a Abril, por exemplo, acontece a plantação de novos bacelos em videiras que não estejam em bom estado e os solos são adubados. E no final da Primavera e quase até ao último sol do Verão, fazem-se os necessários tratamentos fitossanitários – alguns são mesmo obrigatórios, uma vez que a quinta tem certificação de produção integrada.

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À volta do Avesso

O austero mas complexo avesso domina a paisagem e o portefólio da Casa de Vilacetinho. “É muito mais austero em termos aromáticos, mas revela-se na estrutura e tem uma boca muito intensa e potencial para se manter durante muito tempo. É uma casta que precisa de muito cuidado na vinha. Dá logo sinal quando há doença, às vezes até antes das roseiras”, explica João Miguel Maia.

Foi o seu tio-avô, Francisco Girão, quem, nos anos 1950, viu o potencial da região e em concreto deste terroir. “Tornou-se um dos primeiros produtores engarrafadores da região. Casou-se com a tia Isabel, uma senhora divorciada de Lisboa, e a família enviou-o para aqui. Ele viu o potencial da região e viu um lado diferente dos vinhos da região”, conta João.

Nessa altura, era apodo da propriedade “château dos Vinhos Verdes”, Vilacetinho forneceu “o vinho da visita oficial da Rainha Isabel II a Portugal, em 1957”. A casta avesso, acredita a família Girão Maia, já lá estaria presente.


Esta reportagem foi publicada no nº1 da revista Singular.

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