Open da Austrália: os russos estão aí e em rota de colisão

Ashleigh Barty é a última representante australiana no Open.

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Daniil Medvedev Reuters/JAIMI JOY

Nunca tinha havido três tenistas russos nos oitavos-de-final do Open da Austrália, até Daniil Medvedev terminar com o suspense de mais de três horas e juntar-se nessa fase do torneio a Andrey Rublev e Aslan Karatchev. À sétima tentativa, Medvedev ganhou finalmente um encontro em cinco sets e ficou mais perto de concretizar o há muito aguardado duelo dos quartos-de-final com o amigo Andrey.

“Ele jogou de forma incrível, especialmente no quarto set. Subiu o seu nível e eu tentei mudar de posição na resposta ao serviço e parece que resultou”, resumiu o número quatro do ranking, elogiando o sérvio Filip Krajinovic (33.º), a quem venceu, por 6-3, 6-3, 4-6, 3-6 e 6-0. Um feito inédito para Medvedev, que tinha perdido todos os seis encontros decididos no quinto set – incluindo a final do US Open de 2019, com Rafael Nadal.

“Lembro-me de muitos desses encontros em cinco sets; acho que três ou quatro estive com um break de vantagem ou algo assim. Sempre disse que a experiência é chave, por isso, logo que obtive o break, fiquei em controlo, em contraste com os anteriores, em que ficava tenso e tentava apressar as coisas. Aqui, mantive-me mesmo calmo até fechar o encontro”, explicou Medvedev, após a 17.ª vitória consecutiva. Uma série iniciada no final da época passada, com a conquista dos títulos no Masters 1000 de Paris e nas ATP Finals, e continuada esta semana, em Melbourne, com quatro singulares ganhos na ATP Cup e três no Open.

O próximo adversário de Medvedev é Mackenzie McDonald (192.º), o último representante dos EUA no quadro individual masculino. O tenista de 25 anos e campeão universitário norte-americano de 2016, afastou o sul-africano Lloyd Harris (91.º), por 7-6 (9/7), 6-1 e 6-4, e repete a presença nos oitavos de Wimbledon, há três anos, após uma grave lesão nas costas, no Verão de 2019, que o impedia de andar.

Rublev também está imbatível em 2021 e ontem somou a sétima vitória consecutiva ao vencer o espanhol de 39 anos, Feliciano Lopez (65.º), por 7-5, 6-2 e 6-3. “Conheço Feliciano há muito tempo, treinamos muito e somos bons amigos. Sabia que ia ser difícil por causa do seu estilo de jogo; tem um serviço espantoso, uma esquerda em ‘slice’ e vóleis muito bons”, afirmou o russo, autor de 33 winners.

Para encontrar Medvedev nos quartos-de-final, Rublev tem de ultrapassar o norueguês Casper Ruud (28.º), oitavo-finalista 24 anos depois do seu pai, Christian, ter chegado igualmente longe no Open da Austrália. Casper nasceu no ano seguinte.

Aslan Karatsev (114.º), que aos 27 anos está pela primeira vez num quadro principal do Grand Slam, defronta Felix Auger-Aliassime (19.º).

A presença recorde de russos nos oitavos não entrou nos registos dos torneios do Grand Slam porque Karen Khachanov (20.º) foi eliminado, pelo igualmente possante Matteo Berrettini (10.º). Num encontro em que os quatro breaks aconteceram nos cinco primeiros jogos, o italiano de 24 anos foi o mais sólido nos três tie-breaks disputados, para vencer por 7-6, (7/1), 7-6 (7/5) e 7-6 (7/5).

Berrettini tem agora pela frente Stefanos Tsitsipas (6.º), que venceu o amigo e único parceiro de treino durante os 14 dias da quarentena, o sueco Mikael Ymer (95.º), por 6-4, 6-1 e 6-1.

Na sessão nocturna, Rafael Nadal (2.º) reencontrou o movimento de serviço normal e derrotou o britânico Cameron Norrie (69.º), por 7-5, 6-2 e 7-5. “Foi a primeira vez em que recomecei a servir normalmente. Ontem, não me treinei, mas no aquecimento, já servi bem. A minha maior vitória foi sentir as minhas costas melhores pela primeira vez em 15 dias”, revelou Nadal, próximo adversário de Fabio Fognini (17.º). O carismático italiano eliminou, por 6-1, 6-3 e 6-4, o australiano Alex de Minaur (23.º) que não pôde contar com o apoio do público compatriota, confinado em casa.

Mas Ashleigh Barty deu uma alegria aos australianos ao dominar a russa Ekaterina Alexandrova (32.ª), por 6-2, 6-4. A líder do ranking individual desistiu do torneio de pares, devido à lesão na côxa esquerda, mas que não afectou a sua exibição, ao contrário das bancadas vazias. “Muda um pouco o som ambiente. É uma coisa que nunca tinha experienciado antes, é muito estranho”, afirmou Barty, ausente dos últimos Grand Slams de 2020, US Open e Roland Garros.

Elina Svitolina (5.ª) e Jennifer Brady (24.ª) também venceram em dois sets. Além de Brady, também as não cabeças de série norte-americanas Shelby Rogers (57.ª) e Jessica Pegula (61.ª) avançaram para os oitavos-de-final.

Eliminadas foram Karolina Pliskova (6.ª) e Belinda Bencic (12.ª). No duelo checo com a homónima Muchova (27.ª), Pliskova não se importou de começar o segundo set com um ponto de penalidade, após destruir a raqueta quando foi à casa de banho, e chegou a 5-0. Mais inacreditável foi não ganhar mais nenhum jogo e Karolina Muchova fechou com um duplo 7-5. Presença constante no top 10, Pliskova continua sem chegar aos quartos-de-final de um Grand Slam desde que foi semifinalista aqui, em 2019.

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