Um jogo para envelhecer bem

O VITAAL é um videojogo desenvolvido em Portugal para ajudar os idosos a manter a força muscular e o equilíbrio. Agora, o desafio é conseguir que seja usado.

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Numa altura em que o confinamento é obrigatório, há um videojogo português a ajudar os mais velhos (a partir dos 65 anos) a manter a força muscular, o equilíbrio e os reflexos. Está a ser testado na Suíça, no Canadá e na Bélgica, mas foi desenvolvido por uma equipa no Porto do instituto Fraunhofer AICOS em colaboração com várias equipas de médicos e fisioterapeutas europeus.

O grande objectivo da plataforma de jogos VITAAL — uma iniciativa financiada em 1,6 milhões de euros pela Comissão Europeia — é ajudar os mais velhos a ter uma melhor qualidade de vida e a garantir que treinam capacidades motoras e cognitivas. Faz parte do programa europeu Active and Assisted Living.

Para tal, há desafios de memória (“decore a lista de compras”), exercício físico (“copie o instrutor no ecrã”) e coordenação que podem ser acedidos através de uma plataforma online. A par do jogo, o sistema é um portal clínico que envia dados a um profissional de saúde que avalia o desempenho dos idosos à distância. A avaliação da marcha é garantida através de sensores que são colocados no calçado. 

Os jogos simulam situações do dia-a-dia em ambientes como o supermercado e jardins VITAAL
Os jogos simulam situações do dia-a-dia em ambientes como o supermercado e jardins VITAAL
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Os jogos simulam situações do dia-a-dia em ambientes como o supermercado e jardins VITAAL

“É um projecto que já dura há cerca de três anos. A grande motivação era criar um sistema que ajudasse a retardar declínio físicos e funcionais dos mais velhos em particular ao nível da marcha”, começa por explicar ao PÚBLICO Vânia Guimarães, investigadora responsável por este projecto no instituto Fraunhofer. 

Na última década, vários estudos mostram que a redução da velocidade da marcha na população mais velha está fortemente associada a problemas como quedas, incontinência e diminuição da capacidade cognitiva. Todos são factores de risco que contribuem para o aumento da mortalidade.

Como é que um jogo pode ajudar? “Mesmo antes da pandemia, as pessoas evitavam fazer alguns exercícios recomendados pelos médicos porque se sentiam inseguras. Há a hipótese de os fazerem em ambiente clínico, sim, mas a deslocação é sempre um entrave. Com a situação da covid-19, tornou-se ainda pior”, justifica Vânia Guimarães. “A VITAAL deve eliminar essas entraves.”

Actualmente, a equipa está a avaliar a viabilidade do jogo em ambiente real.

Ainda não há testes com o jogo a decorrer em Portugal, mas na Suíça, na Bélgica e no Canadá os primeiros comentários têm sido positivos. As actividades são descritas como “divertidas”, “interessantes” e “desafiantes” e os participantes notam que “depois de uma introdução inicial é possível jogar sem ajuda”.

Garantir que os mais velhos usam estes jogos é sempre o maior desafio, admite Vânia Guimarães. “O que pode falhar, e falha mesmo muitas vezes, é a usabilidade. O jogo tem de ser fácil de aceder, divertido e desafiante”, enumera. “A nossa ideia é que depois da plataforma ser instalada por um cuidador ou membro da família, a pessoa possa aceder e jogar sozinha.”

Corrigido: O projecto foi desenvolvido pela equipa do Instituto Fraunhofer do Porto. 

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