De porta em porta, José percorre Avelar, a ajudar quem precisa

José Pedro Medeiros decidiu ajudar as famílias carenciadas da sua freguesia e, em apenas quatro dias, já conseguiu chegar a seis.

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José Pedro Medeiros, de 28 anos, da freguesia de Avelar, concelho de Ansião, decidiu disponibilizar-se para ajudar a sociedade da sua freguesia, na sequência da covid-19, e, em quatro dias, já deu apoio a seis famílias.

Tendo-se apercebido de que a pandemia estava a aumentar as dificuldades de muitas pessoas, que têm vergonha de pedir ajuda, o jovem disponibilizou-a na sua página de Facebook e, em quatro dias, deu apoio a seis famílias, oferecendo medicamentos e bens alimentares.

“Isso deixa-me preocupado e expectante, porque tenho ideia de que os pedidos de ajuda vão disparar. No entanto, estamos a organizar-nos e a preparar esse possível cenário”, constatou o voluntário, em declarações à agência Lusa. Segundo José Pedro Medeiros, “as instituições fazem um trabalho louvável, mas não conseguem chegar àquelas pessoas que não pedem ajuda”. “Há muita vergonha e é preciso fazer um trabalho de porta a porta”, acrescentou.

O anúncio de José Pedro Medeiros depressa captou a atenção de outras pessoas, que já se ofereceram para estar ao seu lado nesta ajuda. Consciente da importância de preservar o anonimato dos destinatários, o jovem sublinhou que está “disponível para ir a casa das pessoas deixar um saco de compras durante a noite, para que ninguém se aperceba da ajuda”.

“Em Março, com a equipa do Alibabar, já nos tínhamos organizado através do SOS Vizinho para ajudar todos os que pudéssemos. Felizmente, na altura, não foi preciso”, disse.

Meses depois, lançou a campanha Quem tem fome não tem Internet. “As pessoas com quem falava diziam que estavam bem, mas não podem estar todos bem. Se os pedidos de ajuda são poucos, onde está a falha?”, questiona. Para José Pedro Medeiros, o problema poderá estar na comunicação, pois “a maioria das pessoas nem acesso à Internet provavelmente tem”.

O jovem relatou ainda a situação exposta por uma enfermeira junto da farmácia que é propriedade da sua família. “Foi prescrita uma receita a um senhor com covid-19 e ele disse que iria levantar os medicamentos dentro de uma semana, depois de receber [o salário]”. Não conseguiu ficar indiferente e contactou a família. Além dos medicamentos, o jovem entregou comida. “A pessoa recebeu-me sem máscara e tinha uma criança. Até nestas questões as pessoas precisam de ajuda: para serem informadas e educadas relativamente aos cuidados face à pandemia”, concluiu. 

José Pedro Medeiros prevê distribuir, no fim-de-semana, panfletos com informação sobre o projecto e o seu contacto para que todos saibam onde podem procurar ajuda. “Se não precisam de nada, podem indicar alguém que conheçam. Temos sistemas implementados que permitem toda a confidencialidade”, afirmou.

Segundo diz, o foco, “por questões de organização e gestão de esforço, é ajudar famílias antes que elas cheguem ao limite”. “Desta forma, ajudamos mais famílias sem esgotar a nossa capacidade imediatamente, enquanto as educamos a organizarem-se para que o dia em que não há comida na mesa não chegue. Os casos mais críticos são encaminhados para instituições preparadas para lidar com essas situações”, revelou ainda.

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