Governo checo não consegue estender estado de emergência apesar de a covid estar a aumentar

Após sete horas de negociações, o executivo não conseguiu apoio da oposição e poderá haver uma reabertura a partir de segunda-feira. Alemanha faz controlo na fronteira por causa da nova variante.

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Andrej Babis DAVID W CERNY/Reuters

O Governo da República Checa pediu, pela sexta vez, ao Parlamento do país que aprovasse uma extensão do estado de emergência, que permite decretar o encerramento de lojas e actividades e pôr limites a reuniões de pessoas. Mas, após sete horas de negociações nesta quinta-feira, tornou-se claro que a oposição não estava disposta a apoiar esta extensão, e por isso, o estado de emergência termina na segunda-feira.

Não é ainda claro o que poderá acontecer a seguir. O ministro da Saúde, Jan Blatny, disse que era impossível, sem este quadro legal, limitar a abertura de lojas, serviços, museus, possivelmente até ginásios ou piscinas, e também impor limites a ajuntamentos de pessoas, ou um recolher obrigatório que está em vigor para algumas horas. Restaurantes e bares deverão manter-se encerrados.

Mas há ainda a possibilidade de cada região impor algumas medidas. O Governo ia reunir-se de emergência com os líderes regionais para decidir o que fazer a seguir, e vários já tinham garantido que declarariam estado de perigo nas suas regiões caso não fosse garantida a continuação do estado de emergência.

O Governo de Andrej Babis é minoritário, e o Partido Comunista, que o apoia, decidiu não aprovar o estado de emergência por não concordar com a manutenção das escolas fechadas, assim como dos elevadores de esqui. Outros partidos da oposição disseram que o Governo tem de ter outras respostas para a pandemia que não sejam só o confinamento.

A República Checa foi muito afectada por uma segunda vaga, que começou no final do Verão, depois de ter passado a primeira com muito poucos casos e mortes.

Nos últimos dias, várias regiões têm visto um grande aumento de casos, provavelmente devido à maior presença da variante identificada no Reino Unido que é mais transmissível, levando a que doentes tenham de ser transportados para outras regiões, por falta de capacidade dos hospitais.

“Durante meses, os hospitais têm estado no limite”, disse o primeiro-ministro, Andrej Babis. “Um relaxamento total e a disseminação não controlada de infecções, incluindo novas mutações do vírus, vai levar à sobrecarga de hospitais e ao colapso da rede hospitalar”, alertou.

A Alemanha anunciou já que vai introduzir controlos na fronteira a partir de domingo com a República Checa – e também com a região austríaca do Tirol, disse o ministro alemão do Interior, Horst Seehofer. Pessoas vindas destas regiões, na lista das muito afectadas pelas variantes do vírus, vão ter de apresentar prova de teste negativo, o que será um grande obstáculo para milhares de trabalhadores que passam estas fronteiras todos os dias.

Também de Berlim, o ministro da Saúde, Jens Spahn, disse pouco depois que o encerramento temporário de fronteiras “é inevitável” para impedir a disseminação destas novas variantes mais transmissíveis.

Nas últimas duas semanas, a média diária de infecções da República Checa (914) é a segunda maior da Europa a seguir a Portugal (1190), segundo os dados do Centro Europeu para Controlo de Doenças (CECD). Mas, segundo os dados do site Our World in Data relativos à média dos últimos sete dias por cem mil habitantes, o país já ultrapassou Portugal, no dia 8 de Fevereiro e tem hoje uma média de 688 infecções por cem mil habitantes contra 413 de Portugal. Os óbitos totais na República Checa são 17624, enquanto em Portugal tem 14885 (a população é semelhante). O número de mortes por cem mil habitantes (média móvel a sete dias) é mais alta em Portugal, com 19,66, do que na República Checa, com 12,62, ainda de acordo com o Our World in Data.

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