Canadá cancela deportação de família portuguesa

Casal e filho de 15 anos iam ser deportados esta quinta-feira, depois de o visto de trabalho dos cônjuges ter expirado. Família já gastou perto de 37 mil euros em três consultores e advogados de imigração desde 2012.

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Otava, capital do Canadá NFS - Nuno Ferreira Santos

As autoridades canadianas cancelaram a deportação da família portuguesa prevista para esta quinta-feira, disse à agência Lusa a advogada da família nesta quarta-feira. “Não tenha a certeza do que se passou, mas fomos notificados pela Agência de Fronteiras Canadiana (CBSA, sigla em inglês), de que tinham cancelado a ordem de deportação”, confirmou Jacqueline Swaisland.

Filipe Gonçalves, de 40 anos, Eva Ferreira, de 39 e o filho Luís Gonçalves, de 15 — no Canadá desde 2012 e oriundos de Fafe, em Braga —, tinham uma ordem de deportação para esta quinta-feira após o visto do trabalho ter expirado, apesar de várias tentativas em diferentes processos de revalidação do estatuto. 

Neste momento a advogada diz “não ter mais informações” sobre o cancelamento da deportação e o facto de a CBSA não “enviar uma nova data para a deportação” é um “bom sinal”. “Não nos enviaram nenhuma data futura para a deportação, não aparenta que eles sejam deportados numa outra data, apenas nos disseram que foi cancelada”, acrescentou.

Desde a chegada ao Canadá, em Agosto de 2012, a família diz que já gastou cerca de 56 mil dólares canadianos (36,4 mil euros) em três consultores e advogados de imigração de diferentes empresas. A família portuguesa, que chegou ao Canadá através de uma companhia de transportes pesados de mercadorias, candidatou-se em 2012 a dois vistos de trabalho.

Os vistos de trabalho, de Filipe, de um ano, e de Eva, válido por dois anos, foram aprovados em meados de Novembro desse ano, altura em que ambos começaram a trabalhar no Canadá com toda a documentação legal. Contudo, o problema surgiu com a renovação dos vistos de trabalho, que não aconteceu, com a família a culpar vários consultores de imigração que não “fizeram o seu trabalho”.

Filipe e Eva só tiveram conhecimento que se encontravam em situação indocumentada em 2014, apesar das infrutíferas tentativas de legalização. Em Março de 2020, Otava suspendeu a maioria das deportações, devido à pandemia. No início de Agosto, o Canadá decidiu deportar os casos mais graves de inadmissibilidade. E todos os casos de inadmissibilidade no final de Novembro.

Foi nessa altura, que a família portuguesa contactou a advogada de Toronto, que apresentou em Dezembro uma candidatura ao estatuto de compaixão humanitária pelo enorme esforço que “têm feito para regularizar o seu estado no Canadá”.

Entretanto, Jacqueline Swaisland submeteu um pedido de adiamento da deportação, alegando que a família “não deve ser deportada neste momento”, e que a CBSA deverá aguardar até que tenha uma resposta à candidatura ao estatuto de compaixão humanitária e porque “não é seguro viajar para Portugal, porque tem uma das taxas mais altas de casos com infecções devido à pandemia”.

O pedido foi rejeitado pelas autoridades canadianas, tendo como última alternativa um recurso ao Tribunal Federal, que seria apresentado esta quarta-feira, um dia antes da deportação.

Segundo dados do Governo canadiano, residem no país mais de 480 mil portugueses e luso-descendentes.

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