BE diz que falta de preparação para arranque de ensino à distância é “incompreensível”

Líder do Bloco de Esquerda voltou a defender soluções que passem pela diminuição de alunos por turma, bem como a utilização de espaços mais amplos para o ensino presencial e a contratação de mais funcionários para a comunidade escolar.

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Catarina Martins esteve reunida com a direcção da Escola Profissional de Almada, em Setúbal LUSA/ANTÓNIO COTRIM

O regresso das aulas à distância arrancou esta segunda-feira, mas muitos alunos continuam ainda sem computadores e sem os meios necessários para conseguir acompanhar este modelo de ensino. As críticas foram feitas pela líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, depois de uma reunião com a direcção da Escola Profissional de Almada, em Setúbal.

A bloquista lembrou as promessas feitas, incluindo a tarifa social da Internet, disse que não entende a falta de preparação do Governo para o regresso ao regime de ensino à distância e escolheu ir a uma escola profissional para criticar a “discriminação" de que são alvo os alunos do ensino profissional no conjunto de medidas de apoio previstas. “É urgente que as escolas tenham os computadores que foram prometidos”, destacou, acrescentando que “não tem nenhum sentido” que os alunos do ensino profissional (público e privado) não sejam incluídos no programa Escola Digital.

Apesar de o Bloco de Esquerda ter defendido que este ano lectivo deveria decorrer com aulas presenciais para que os alunos de famílias mais carenciadas não fossem prejudicados, a coordenadora do BE vinca que o plano era garantir que todos os alunos tivessem computador e meios para acompanhar as aulas à distância se fosse necessário. “É muito difícil perceber porque é que [o programa tecnológico para os alunos] não arrancou”, afirmou, em declarações aos jornalistas.

Além disso, a bloquista pede que as medidas “tenham em conta todo o país” e “as suas múltiplas realidades" para que “não se deixe ninguém para trás”, o que deverá incluir os alunos do ensino profissional. “As escolas profissionais são na sua generalidade, no país, escolas privadas, mas que fazem serviço público e por isso são financiadas pelo Estado”, começou por contextualizar, acrescentando que não compreende porque é que os alunos destas escolas “não têm acesso aos mesmos meios que os alunos de outras escolas, nomeadamente a computadores”.

Entre os argumentos apresentados, Catarina Martins sublinhou que “muitas vezes, o ensino profissional, por boas e por más razões, acaba por ser a opção para famílias com menores rendimentos”, pelo que apelou a que estes alunos não sejam esquecidos. "Ao excluir-se estas famílias do apoio ao computador, está-se a excluir uma parte importante dos nossos jovens, com uma discriminação sobre o ensino profissional que do nosso ponto de vista não tem nenhum sentido”, defendeu.

Sabendo que há algumas escolas abertas para os filhos dos trabalhadores que estão na primeira linha de combate à covid-19 e alunos com necessidades especiais, Catarina Martins elogiou o “enorme esforço” da comunidade escolar e das famílias que estão a acompanhar os filhos em casa.

Bloco insiste em dividir turmas e contratar mais funcionários

Na véspera de mais um encontro do Infarmed, a coordenadora bloquista defendeu que o modelo de aulas presenciais deverá regressar “assim que for possível”, propondo que se comece pelo regresso das crianças mais jovens, que frequentem a creche e o ensino pré-escolar, sublinhando que essa deve ser opção apenas quando existir luz verde dos especialistas epidemiológicos. E mesmo assim terão de ser feitas alterações, insiste.

Tal como já tinha dito no final do último ano lectivo, o BE defende que existem formas de mitigar o risco de contágio nas escolas, através da diminuição do número de alunos por turma ou o desmembramento de turmas, utilizando outros espaços “e contratando mais pessoal”. O partido insistiu ainda que se façam mais rastreios nas escolas. “É preciso por testes no terreno”, disse.

A coordenadora lembrou que esta semana será discutida no Parlamento a proposta de aumentar o apoio às famílias de 66% para 100% do seu rendimento. “Em muitas famílias monoparentais, o salário da mãe é único que entra para pagar contas”, disse. Catarina Martins falou também das famílias que estão em teletrabalho e que não podem escolher ficar a apoiar os filhos. “As crianças não são autónomas no ensino à distância”, argumentou.

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