Benfica volta a tropeçar na I Liga e já pode dizer “adeus” ao título

Frente ao V. Guimarães, os “encarnados” abusaram do desperdício na primeira parte e da passividade na segunda. Estão a 11 pontos do Sporting.

Foto
Everton e Mensah em duelo na Luz Reuters/PEDRO NUNES

Depois da tempestade vem… nova tempestade. Pelo menos, na vida actual do Benfica. A equipa “encarnada” ficou há dias a nove pontos do Sporting, com uma derrota aos 90+2’ do derby lisboeta, e voltou a perder pontos nesta sexta-feira, desta feita com um empate (0-0) frente ao Vitória de Guimarães.

Com este resultado, a equipa de Jorge Jesus – novamente ausente do banco de suplentes, devido à covid-19 – está a 11 pontos do Sporting, que venceu nesta jornada. Já se pode dizer, definitivamente, que o título nacional é uma miragem para o actual vice-campeão português?

Esta partida acabou por trazer um bom Benfica na primeira parte (ainda que sem muitos lances de golo claros) e um Vitória inofensivo durante 94 minutos (pouco quis desta partida), mas que até poderia ter vencido na Luz no último minuto.

Weigl e Taarabt controlaram o jogo

Para este jogo o Benfica repôs a normalidade: na táctica, regressou ao habitual e mais trabalhado 4x4x2 e na escolha de jogadores regressou à dupla de meio-campo mais utilizada: Weigl e Taarabt.

E se a primeira parte “encarnada” foi forte, com 15 remates, em grande parte o deve a estes dois jogadores. O marroquino poderá ter feito mesmo os melhores 45 minutos como jogador do Benfica – forte na recuperação de bola, intenso e a dar fluidez, verticalidade e progressão à circulação (100% de acerto no passe) – e o alemão mostrou, uma vez mais, o crescimento que tem tido. Com esta dupla, o Benfica “abafou” totalmente o jogo do Vitória, que pouco passou do meio-campo.

Em matéria de ideia de jogo ficou vincada uma intenção dos “encarnados” em específico para esta partida. O Vitória é a terceira equipa da I Liga que mais cruzamentos permite aos adversários e é a quarta mais permeável no jogo aéreo. E o Benfica explorou estas deficiências até à exaustão, até pela presença de Everton, um destro, no corredor direito.

Ao contrário do que é habitual, a formação de Jorge Jesus trocou o jogo interior (por vezes excessivo) e apostou em cruzamentos sucessivos, apelando ao acerto de Seferovic – os cruzamentos apareceram, o acerto do suíço é que não.

O Benfica ganhou sete duelos aéreos ao Vitória, quase todos mal definidos por Seferovic (três) e Vertonghen (dois).

Com o Vitória a defender sempre por dentro, convidando o Benfica a explorar os corredores, foi Everton um dos principais agitadores, somando até as duas melhores oportunidades de golo: aos 17’, num remate defendido por Trmal após uma incursão pelo lado direito, e aos 29’, quando um cruzamento do brasileiro não teve finalização de ninguém.

O Vitória pouco mais fez do que dar os corredores ao Benfica, defensivamente, e, ofensivamente, entregar a bola a Quaresma, esperando que o experiente ala resolvesse algo pela via do talento. Não resolveu e a equipa minhota, em geral, comprovou por que motivo é das menos rematadoras da Liga, apesar da boa classificação.

Mais Vitória, menos Benfica

Com a grande quantidade de cruzamentos, Jorge Jesus e João de Deus perceberam que, num jogo deste tipo, fazia falta alguma presença na área (até porque Seferovic deixou frequentemente as zonas de finalização). Entrou Darwin, a pensar nessa presença, mas saiu Everton, que tinha sido um dos principais alimentadores do jogo ofensivo “encarnado”.

Na segunda parte o Vitória tentou intercalar momentos de linhas baixas com algumas saídas em bloco para pressionar a construção “encarnada”. Não serviu para recuperar bolas em zonas adiantadas, mas serviu para “empenar” e atrasar a construção de jogo do Benfica, até então feita de forma tranquila no meio-campo adversário.

Muito menos capaz na segunda parte, o Benfica não foi asfixiante, mas ainda teve mais um lance aéreo desperdiçado por Vertonghen, mais um disparo torto de Seferovic – que saiu pouco depois – e um outro lance pelo ar, desta vez desperdiçado pelo recém-entrado Gonçalo Ramos (estava em muito boa posição).

Depois de vários minutos de inércia e passividade, o Benfica só abanou o jogo através de um remate de Taarabt de fora da área, que Trmal resolveu com dificuldade, e de uma grande oportunidade perdida por Pedrinho, aos 90+3’. E foi só.

Em matéria de avançados, o Benfica – que rematou muito, mas pouco acertou na baliza – atacou esta temporada com Darwin (em mau momento), Seferovic (voltou a demonstrar limitações como finalizador) e Gonçalo Ramos (má entrada em jogo, depois da parca utilização nas últimas semanas). Depois de uma primeira parte com tanto caudal ofensivo e lances de finalização, muitos suspirarão por um goleador e finalizador nato como Carlos Vinícius.

Do lado contrário, o Vitória, praticamente inofensivo, teve um lance de golo aos 90+4’, desperdiçado por Edwards. O inglês rematou para fora e impediu um golo que traria um desfecho algo injustificado.

Sugerir correcção
Ler 5 comentários