Diplomata iraniano condenado a 20 anos de prisão por planear atentado à bomba em França

Assadollah Assadi foi detido em 2018, numa operação coordenada entre autoridades francesas, alemãs e belgas, depois de ter entregado explosivos e um detonador aos seus cúmplices. Alvo do ataque era um grupo de opositores do regime iraniano.

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No exterior do tribunal de Antuérpia, um homem segura um cartaz de Massoud Rajavi, antigo líder do Mujahidin al-Khalq (MeK), grupo iraniano no exílio Reuters/JOHANNA GERON

Um diplomata iraniano foi condenado esta quinta-feira a 20 anos de prisão por ter planeado um atentado à bomba em França contra um grupo de opositores ao regime do Irão. É a primeira vez que um alto representante iraniano é julgado (e condenado) na Europa desde a Revolução Islâmica de 1979.

O crime em causa remonta a Junho de 2018, em Paris, e tinha como alvo uma reunião do Conselho Nacional de Resistência do Irão, um movimento de oposição ao regime iraniano no exílio, que contou com a presença de milhares de pessoas, sobretudo iranianos a viver na Europa, mas também figuras políticas internacionais, entre elas o advogado de Donald Trump, Rudy Giuliani.

Assadollah Assadi, de 49 anos, que na altura do crime trabalhava na embaixada do Irão em Viena, na Áustria, foi considerado culpado de tentativa de terrorismo e de associação terrorista. Em 2018, foi detido na Alemanha e extraditado para a Bélgica, responsável pelo julgamento do caso, numa operação coordenada entre as autoridades alemãs, belgas e francesas.

De acordo com a BBC, poucos dias antes de ser detido na Alemanha, Assadollah Assadi reuniu-se no Luxemburgo com um casal belga de origem iraniana, a quem entregou explosivos e um detonador que recebeu na Áustria.

Nasimeh Naami, de 36 anos, e Amir Saadouni, de 40, viriam a ser detidos em Bruxelas, tendo admitido que receberam um pacote de Assadi, apesar de garantirem que não sabiam o que estava no seu interior. Os membros do casal foram condenados, respectivamente, a 18 e 15 anos de prisão

Merhad Arefani, um poeta com dupla nacionalidade belga e iraniana, seria também detido em Paris, acusado de ser cúmplice. Foi condenado a 17 anos de prisão.

O ataque terrorista acabaria por falhar, mas, segundo o tribunal de Antuérpia, na Bélgica, o objectivo dos réus era fazer explodir uma bomba durante o encontro do Conselho Nacional de Resistência do Irão - uma coligação de grupos dissidentes e proibidos no Irão, entre eles os Mujahidin al-Khalq (MeK) -, considerada uma organização terrorista por Teerão, sendo o principal alvo a líder do grupo, Maryam Rajavi.

“O veredicto demonstra duas coisas: que um diplomata não tem imunidade para actos criminosos e a responsabilidade do Estado iraniano naquilo que poderia ter sido uma carnificina”, afirmou à Reuters o procurador Georges-Henri Beauthier.

Antes do julgamento, que decorreu sob fortes medidas de segurança, o regime iraniano já tinha dito que não iria reconhecer o veredicto, uma vez que, segundo Teerão, o diplomata estaria protegido pela imunidade diplomática. O Irão nega também qualquer envolvimento no planeamento do atentado, considerando-o uma farsa.

A condenação de Assadollah Assadi e dos seus três cúmplices surge numa altura em que União Europeia tenta melhorar as relações diplomáticas com o Irão, defendendo a necessidade de voltar ao acordo nuclear assinado em 2015, do qual os Estados Unidos se retiraram em 2018.

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já manifestou disponibilidade para se sentar à mesa das negociações com as autoridades iranianas e está a equacionar o levantamento de sanções a Teerão, uma das exigências do regime dos ayatollahs para um regresso ao acordo nuclear.

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