Montijo recusa vacinar bombeiros e protecção civil nesta fase

Autarca não aceitou enviar lista aos serviços de saúde por entender que as vacinas têm de ser destinadas aos doentes prioritários.

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Daniel Rocha

A Câmara Municipal do Montijo recusa, para já, a vacinação dos bombeiros e dos operacionais do serviço municipal de Protecção Civil, revelou o presidente da autarquia na última reunião pública do executivo.

Nuno Canta (PS) informou que os serviços de saúde pediram ao município que enviasse a lista das pessoas a vacinar e que recusou por entender que primeiro devem ser vacinados os doentes prioritários.

“Um esclarecimento para memória futura: também a Câmara Municipal do Montijo, através dos serviços de saúde, de vacinação, fomos contactados para elencar uma lista de pessoas a vacinar nesta fase” disse o presidente da autarquia, para os vereadores, fundamentando depois a decisão.

“Nós agradecemos, manifestámos esse agradecimento junto da entidade de saúde, mas não aceitámos a vacinação antes dos doentes prioritários, pessoas com mais de 80 anos ou institucionalizadas e outras, que, por diversas razões, precisam de ser vacinadas”, disse.

O autarca adoptou esta posição, mesmo reconhecendo que é “uma evidencia normal que os bombeiros e protecção civil são pessoas na linha da frente”. Nuno Canta diz compreender a dificuldade de alguns responsáveis, de outras autarquias e instituições, que tiveram de decidir sobre o destino das doses sobrantes.

“Já dissemos ao Governo que uma das vulnerabilidades deste plano foi a sua execução prática, no terreno. Isto é, nada se disse inicialmente como se faria ou que se faria com as sobras”, apontou.

No entanto, Nuno Canta “lamenta” as situações de vacinação indevida, que “deviam ser completamente evitadas” porque “a vacina é um recurso escasso, que tem de ser usado de acordo com critérios científicos e não com vontades ou intenções dos autarcas”.

O socialista recusa também o populismo nesta matéria, afirmando que “tem de haver uma linha de actuação coerente, transparente e honesta”.

O tema chegou à reunião pública da câmara municipal poucos dias depois de o Montijo ter sido notícia pela existência de casos de vacinação indevida, na Santa casa da Misericórdia, onde o provedor incluiu o seu nome e o da mulher na lista de pessoas prioritárias.

A vereação CDU suscitou a questão, ao apresentar uma declaração em que repudia os casos recentes, no concelho do Montijo e na região de Setúbal.

“[A CDU] repudia e condena atitudes como a tomada pela [ex-]directora da Segurança Social de Setúbal ou por membros dos corpos sociais de Misericórdias, como a de Montijo ou Canha, que se incluíram a si e a outros não previstos nos critérios definidos como prioritários a vacinar”, disse Ana Baliza. A vacinação “deve avançar o mais rápido possível e em segurança”, abrangendo em primeiro lugar “os profissionais de saúde, os bombeiros e todos os que dia-a-dia são necessários para dar resposta à pandemia”, defendeu ainda a eleita comunista.

A decisão do município, de não incluir a protecção civil e os bombeiros nesta fase da vacinação acontece numa altura em que a principal corporação está em transição de comando.

Os Bombeiros Voluntários do Montijo estão, neste momento, sem comandante, após o anterior responsável, Américo Moreira, ter cessado funções na semana passada por a direcção não ter renovado a comissão de serviço.

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