Vice-almirante Gouveia e Melo é o novo coordenador do Plano de Vacinação contra a covid-19

Número dois da task force já foi nomeado pela ministra da Saúde após esta ter aceite a demissão de Francisco Ramos.

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Gouveia e Melo (à direita) Jose Sarmento Matos

O vice-almirante Gouveia e Melo, número dois da task force que está a gerir o Plano de Vacinação contra a covid-19, é já o coordenador desta estrutura, após a demissão de Francisco Ramos do cargo. A nomeação foi confirmada pelo Ministério da Saúde após uma reunião do militar com a ministra Marta Temido. 

“O Governo nomeou o Vice-Almirante Henrique Gouveia e Melo para coordenador da Task Force do Plano de vacinação contra a COVID-19 em Portugal. O Vice-Almirante já integrava a equipa que agora passa a coordenar, assumindo funções de imediato”, anunciou o Ministério da Saúde em comunicado.

À saída da reunião, Gouveia e Melo foi questionado sobre os casos de desvio de vacinas que levou à demissão de Francisco Ramos e relativizou a polémica, elogiando o seu antecessor pela decisão “nobre”: “Ele achou, de forma muito honrada, que não estava em condições de continuar”.

Mas não deixou de considerar que o processo dos desvios é “lamentável”. “Bastava haver um desvio que fosse para ser lamentável”, disse, para depois pôr o tema em perspectiva: “Neste momento, em cada mil vacinas que foram administradas, há uma vacina que ainda não foi clarificado como é que decorreu”.

Questionado sobre se a sua nomeação significa que as Forças Armadas passam a ser as responsáveis pelo processo de vacinação, Gouveia e Melo sublinhou que os militares “apoiam o processo de vacinação e o Ministério da Saúde”. “Nós somos silence service, porque gostamos de prestar serviço de forma silenciosa. Não é pôr-mo-nos em bicos de pés que vai ajudar os portugueses”, afirmou.

Sobre o que o espera, foi claro: “Imaginem uma tarefa que é vacinar grosso modo duas vezes uma população de 10 milhões de pessoas”. A sua prioridade agora está nas “áreas onde já houve falhas" para “analisar a sua razão e tentar evitar que elas se repitam”. 

Mas no essencial, afirmou que o Plano está a correr bem: “O esforço de vacinação está a decorrer relativamente bem, tendo em conta a percentagem de população que já foi vacinada - 300 mil pessoas, cerca de 3% da população - e que as vacinas que chegam ao país são inoculadas em menos de uma semana”.

Henrique Gouveia e Melo era até agora o responsável pela parte logística e de planeamento da vacina e liderava a equipa de militares que estão a prestar apoio aos hospitais do Serviço Nacional de Saúde de Lisboa.​ Além disso, integra a estrutura de monitorização do estado de emergência do Ministério da Defesa Nacional e é adjunto para o Planeamento e Coordenação do Estado-Maior General das Forças Armadas.

Há uma semana, durante a visita do Presidente da República, do primeiro-ministro e da ministra da Saúde ao Hospital das Forças Armadas, em Lisboa, foram feitas várias referências elogiosas ao seu trabalho, em particular por António Costa.

Pouco antes de Gouveia e Melo entrar no Ministério da Saúde para reunir com Marta Temido, o Expresso noticiou que o Presidente da República defendia que a saída de Francisco Ramos devia ser aproveitada para um maior envolvimento das Forças Armadas na task force do Plano de Vacinação contra a covid-19. "Se há coisa de que os militares percebem é de planeamento e logística"​, ouviu o jornal de fonte próxima de Marcelo Rebelo de Sousa. Também o PSD e o CDS defenderam o perfil de um militar para o cargo. 

Na mesma altura, também a Rádio Renascença avançou com a notícia de que Gouveia e Melo seria o novo coordenador em substituição de Francisco Ramos.

Henrique Eduardo Passaláqua de Gouveia e Melo, de 60 anos, submarinista de carreira, já foi porta-voz da Marinha, comandante da Base Naval de Lisboa e Comandante da EUROMARFOR – a Força Marítima Europeia.

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