A direita que passámos a ter

O que Ventura e quem o construiu conseguiram foi firmar um lugar no interior da direita, suficiente para, a partir de agora, começar anos de chantagem com quem quiser tomar conta dos restos do PSD e do CDS

As últimas presidenciais, que, sem pandemia e estado de emergência permanente, teriam ficado para a história como outra das reeleições automáticas de um Presidente português, foram muito mais que isso: oferecem o retrato da recomposição da direita portuguesa em tempos de regime social do medo e da ansiedade. Uma parte considerável dos eleitores da direita, incluídos alguns abstencionistas que votam apenas quando percecionam uma oportunidade, radicalizou-se de forma evidente e apoiou um neofascista com um discurso racista (uma das motivações centrais no voto do Sul, com destaque para a parte ciganófoba do Alentejo e, em menor grau, para a Área Metropolitana de Lisboa) e um punitivismo que promete vingança a muitos dos que, portadores de uma cultura que rejeita a cidadania coletiva em sindicatos ou associações, não conseguem explicar o que a crise da pandemia lhes está a fazer pagar no campo social, económico e emocional.

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