Gás de botija com preços máximos mais altos a partir de quarta-feira

Reguladora actualiza limites de preços para acomodar subida das cotações dos gases de petróleo liquefeito. Empresas queixam-se de “animosidade” para com o sector.

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Aos preços máximos, os comercalizadores apenas poderão somar os custos com os serviços de entrega ADRIANO MIRANDA

A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) actualizou os preços máximos do gás engarrafado, que vão subir na quarta-feira para reflectir o agravamento do preço dos combustíveis.

As botijas de gás de petróleo liquefeito (GPL), butano e propano, têm preços máximos estabelecidos desde dia 18 de Janeiro, quando os portugueses voltaram a estar sob dever geral de recolhimento domiciliário, mas agora estes valores vão ter de reflectir a subida dos gases de petróleo liquefeito (GPL) nos mercados internacionais. Em Janeiro, o butano subiu 3,7% e o propano, 16,6%, adiantou a ERSE, nesta terça-feira.

Assim, a partir das 0h00 de quarta-feira, dia 3 de Fevereiro de 2020, as garrafas de gás propano e butano (nas taras standard em aço, nas tipologias T3 e T5) passarão a ter novos preços máximos em todo o território continental.

O valor máximo do GPL butano para as garrafas com capacidade de 12,5 kg e 13 kg será de 23,18 euros e 24,10 euros, respectivamente. Já o GPL propano na garrafa de 9 kg terá um preço máximo de 20,27 euros. Na garrafa de 11 kg, o limite serão 24,77 euros. O preço do GPL propano na garrafa de 35 kg não poderá ultrapassar os 71,09 euros e, na garrafa de 45 kg, os 91,40 euros. Estes preços estarão em vigor até às 23h59 de dia 14 de Fevereiro.

A entidade reguladora recorda que, ao valor máximo, os comercializadores apenas poderão somar custos com o serviço de entrega nas situações em que as garrafas são adquiridas por via telefónica ou por via electrónica (ou seja, fora do local de venda). Além disso, o preço do serviço de entrega deve corresponder aos custos de prestar esse serviço.

A decisão de fixação administrativa de preços máximos do gás de botija surgiu em Abril, no primeiro confinamento, com o Governo a pretender travar o “aumento da margem de comercialização praticada pelos operadores retalhistas, em contraciclo com a evolução dos preços dos derivados nos mercados internacionais”.

Empresas queixam-se de “animosidade”

Na semana passada, a associação que representa as petrolíferas, a Apetro, destacou que as entregas ao domicílio, que antes representavam 30% a 35% da oferta de serviços dos revendedores, “quase duplicou (valores estimados)”, neste período de pandemia.

Lembrando que os vários operadores presentes no negócio do GPL embalado em Portugal têm “modelos de negócio apoiados em redes de revenda”, que representam “mais de 50.000 pontos de venda”, a Apetro lamentou que o retrato da actividade se foque “no preço, referido de forma muito ligeira e sempre pouco esclarecedora, com a qual se promove uma certa animosidade contra este segmento de negócio”.

“Realizar este serviço não é fácil e nas actuais circunstâncias ainda menos, exigindo esforço físico (carga e descarga das garrafas, da carrinha para e da casa do consumidor) e responsabilidade dos seus trabalhadores (maior tempo em trajectos, nas estradas)”, refere a associação que representa empresas como a Galp, Rubis e Repsol, entre outras.

Estes trabalhadores, que também fazem a recolha de garrafas vazias, “não se podem confinar e têm de se deslocar a casa dos consumidores, aumentando a sua exposição e risco à covid-19”, destaca a Apetro, considerando que toda a rede presta um “serviço essencial” às populações, assegurando uma “cobertura adequada do território”.

Exemplificando com a distribuição de material de protecção e limpeza e a desinfecção das botijas, a associação diz ser “injusto não dar o devido destaque a todas as medidas adoptadas [pelas empresas] perante esta crise sanitária”, considerando que os diversos intervenientes da cadeia de valor se incluem no “grupo de ‘invisíveis’ que asseguram que as necessidades básicas da população não são descuradas”.

Defende ainda que, “em muitos casos”, a distribuição do GPL é a única forma que o consumidor, doméstico ou em pequenas e médias unidades industriais, em locais remotos ou isolados, tem de aceder a uma fonte de energia “a um custo acessível”.

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