Refugiados rohingya no Bangladesh satisfeitos com detenção de Suu Kyi

“Violaram as nossas mães e irmãs, mataram o nosso povo, tiraram as nossas terras, mas ela não fez nada”, disse um representante da minoria muçulmana.

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O ataque do exército às aldeiras rohingya em Agosto Reuters

Os refugiados rohingya no Bangladesh manifestaram satisfação com a detenção da chefe do governo da Birmânia, Aung San Suu Kyi, do Presidente Win Myint e de outros governantes.

“Sinto uma sensação de alegria, porque Suu Kyi é em grande parte responsável pelo genocídio contra nós”, disse Mohammad Jubair, dirigente da Sociedade Arakan Rohingya pela Paz e Direitos Humanos, de Kutupalong, o principal campo de refugiados em Cox's Bazar, no sudeste do Bangladesh.

Cerca de 738 mil rohingya fugiram para esses campos após o início, em Agosto de 2017, de uma campanha de perseguição e violência do Exército birmanês em Rakhine, que a ONU descreveu como uma operação de étnica e possível genocídio.

Actualmente, o Governo do Bangladesh está a transferir os refugiados para uma ilha remota.

“Violaram as nossas mães e irmãs, mataram o nosso povo, tiraram as nossas terras e obrigaram-nos a morar aqui neste pequeno abrigo, mas ela [Suu Kyi] não fez nada. Vou comemorar”, disse Jubair.

Jubair disse não acreditar que o golpe militar reverta o êxodo dos refugiados. “A Birmânia não aceitará o nosso regresso sem a pressão da comunidade internacional. Está a decorrer um processo judicial. Assim que estiver concluído, esperamos poder regressar”, disse.

Duas tentativas de iniciar a repatriação falharam até agora, já que membros da minoria muçulmana se recusaram a regressar até que a Birmânia lhes garantisse a cidadania e a segurança na sua terra natal.

A chefe de facto do governo, Aung San Suu Kyi, foi detida ao amanhecer, tal como o Presidente do país, Win Myint, e outros líderes governamentais.

O Exército declarou o estado de emergência e assumiu o controlo do país durante um ano, informou um canal televisivo controlado por militares.

Numa declaração divulgada na cadeia de televisão do exército Myawaddy TV, os militares acusaram a comissão eleitoral de não ter posto cobro às “enormes irregularidades” que dizem ter existido nas legislativas de Novembro, que o partido de Aung San Suu Kyi venceu por maioria.

Os militares evocaram ainda os poderes que lhes são atribuídos pela Constituição, redigida pelo Exército, permitindo-lhes assumir o controlo do país em caso de emergência nacional. O golpe militar ocorreu horas antes de o Parlamento novo Parlamento iniciar funções.

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