Ursula von der Leyen: “Portugal tomou a decisão correcta ao fechar-se para travar os contágios”

A presidente da Comissão Europeia considera que é essencial manter as fronteiras internas abertas, mas concorda que devem ser desencorajadas todas as viagens não essenciais para zonas de elevado contágio. E elogia Portugal por ter decidido fechar-se para conter a pandemia.

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Ursula Von der Leyen com António Costa, em Lisboa Daniel Rocha

A Comissão insiste que é importante manter o mercado interno a funcionar, e aconselha os Estados membros a evitar controlos nas fronteiras. Mas nesta altura os governos estão a carregar nas restrições para tentar travar os contágios. Está preocupada com o prolongamento dos confinamentos e o efeito que isso possa ter na unidade da UE?
Demos um passo importante na última vídeoconferência do Conselho Europeu, quando decidimos que, como somos mais ou menos uma região epidemiológica, devemos diferenciar as zonas para onde os movimentos não essenciais devem ser desencorajados neste momento. Devemos fazer tudo o que for possível para evitar fechar as fronteiras internas, porque é importante que os fluxos de abastecimento e os movimentos dos trabalhadores transfronteiriços essenciais não sejam minimamente prejudicados. Ao mesmo tempo, quero dizer que estou impressionada com o Governo português, que penso que tomou a decisão correcta ao promover o fecho do país durante um curto espaço de tempo para responder à pandemia.

Relacionado com a campanha de vacinação está a recuperação económica da crise. Está confiante que o fundo de recuperação “Próxima Geração UE” vai arrancar na data prevista, ou esse processo também pode sofrer atrasos por causa das dificuldades sanitárias e da instabilidade política em alguns Estados membros?
É do interesse dos Estados membros ratificar o mais depressa possível a decisão de novos recursos próprios [do orçamento da UE], porque só depois disso a Comissão pode ir ao mercado arrecadar o dinheiro para constituir o fundo. Entretanto, prosseguimos de forma muito intensiva o nosso trabalho com os Estados membros para a definição dos planos nacionais de recuperação e resiliência. Estes são projectos muito importantes, que vão contribuir para concretizar o nosso Pacto Ecológico, para promover a transição digital, para assegurar a nossa resiliência em crises futuras, o que implica por exemplo muito investimento na saúde. É um trabalho imenso, e estamos todos a fazer o possível para ter tudo pronto na data prevista. Espero que não haja dificuldades.

Quando o fundo de recuperação foi desenhado, não se imaginava que a crise do coronavírus se prolongasse tanto tempo. O investimento previsto será suficiente para relançar a economia europeia, ou deve ser revisto?
O fundo tem um valor de 750 mil milhões de euros! Penso que para os Estados membros, o que é da maior importância é provar que conseguem absorver estes montantes e cumprir as prioridades definidas, em termos de transição energética e digital. Temos de aprender as lições e temos de ultrapassar esta crise tornando-nos muito melhores do que éramos. Digo isto porque, por exemplo, a implementação do Pacto Ecológico está relacionada com a promoção da biodiversidade — como sabemos, a perda da biodiversidade é um dos factores que contribuiu para aumentar a probabilidade de novas pandemias. Então é lógico que devemos ir por aí. A digitalização nem vale a pena explicar, a crise mostrou-nos como é importante. E o tópico da resiliência vai desde a cadeia de abastecimento até aos preparativos para reagir a emergências. Ou seja, os nossos princípios são os correctos, agora temos de trabalhar para implementar: para reunir o dinheiro e para que as pessoas possam ver os benefícios destes projectos.

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