Dinamarca repete título mundial de andebol no Egipto

Dinamarqueses foram mais fortes na final nórdica frente à Suécia para aquele que foi o seu segundo Mundial consecutivo.

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Mikkel Hansen voltou a ser uma das figuras da Dinamarca LUSA/KHALED ELFIQI

Adaptando um adágio de outra modalidade, o andebol é sete contra sete e no final ganha a Dinamarca. Não será bem assim, mas é o que tem acontecido nos últimos anos e isso ficou mais uma vez provado neste domingo, no Egipto, onde os dinamarqueses conquistaram o seu segundo título mundial consecutivo, ao baterem numa final totalmente nórdica a Suécia por 26-23 (13-13 ao intervalo). Os dinamarqueses repetem, assim, o título alcançado em 2019, no Mundial que co-organizaram com a Alemanha, e confirmam o seu estatuto dominante da modalidade ao nível de selecções — são também os actuais campeões olímpicos.

No Cairo, os vizinhos do Norte da Europa defrontavam-se pela primeira vez na final de um Mundial de andebol: a Dinamarca um finalista esperado que ia tentar renovar o título de 2019, a Suécia a regressar ao jogo da decisão 20 anos depois. E foi uma final como se esperava, espectacular sem ser um festival ofensivo, marcada pelo tremendo equilíbrio (sobretudo na primeira parte) e que só caiu para a Dinamarca nos últimos 15 minutos, graças a ajustes na defesa a que os suecos não se conseguiram adaptar e a uma tremenda exibição do guarda-redes Niklas Landin — fez 15 defesas, com uma eficácia de 41%.

Ninguém se conseguiu destacar na primeira meia-hora de jogo. Os suecos até tiveram dois golos de vantagem em dois momentos, mas a Dinamarca conseguiu sempre resposta para nivelar o marcador, mantendo o jogo empatado ao intervalo (13-13) e até aos 13 minutos da segunda parte. Depois, Niklas Landin fechou a baliza dinamarquesa, Mikkel Hansen e Thomas Holm fizeram o que lhes competia no ataque e a Dinamarca disparou para uma vantagem de três golos, gerindo a diferença com competência e nunca dando à Suécia uma situação de ataque em que pudesse empatar.

O lateral-esquerdo dinamarquês do PSG, Mikkel Hansen, foi o melhor marcador do jogo, com sete golos (e seria eleito o melhor jogador do Mundial pela quarta vez), mas o melhor em campo na final foi Niklas Landin, o guarda-redes do Kiel que até com a cabeça defendeu — caiu ao chão após um remate de Hampus Wanne, mas levantou-se a seguir e ainda defendeu mais um livre de sete metros. 

Do lado sueco, o ponta-esquerda Hampus Wanne foi o melhor marcador (cinco golos). Wanne e Hansen foram eleitos para o melhor “sete” do Mundial, tal como os suecos Andreas Palicka (guarda-redes) e Jim Gottfridsson (central), o dinamarquês Mathias Gidsel (lateral-direito), o espanhol Ferran Solé (ponta-direita) e o francês Ludovic Fabregas (pivot).

Com a conquista do bicampeonato, a Dinamarca tornou-se na quarta selecção a defender o título mundial com êxito, depois da Suécia (1954 e 1958), da Roménia (1961 e 1964, e 1970 e 1974) e da França (2009 e 2011, e 2015 e 2017). A segunda medalha de ouro coloca os dinamarqueses a par de Alemanha, Rússia e Espanha, mas ainda bastante longe dos seis títulos conquistados pelos franceses. Se conseguir um “tri” em 2023, num Mundial que será organizado por Polónia e Suécia, a Dinamarca será a primeira selecção a fazê-lo. 

Para a Suécia, o vice-campeonato foi um regresso ao pódio do Mundial, 20 anos depois do Campeonato do Mundo de França, sendo que o jejum de títulos já vem desde o Mundial de 1999, também realizado no Egipto.

Antes do duelo nórdico pelo título, aconteceu no Cairo uma luta latina pelo terceiro lugar, com a Espanha a bater a França por 35-29 (16-13 ao intervalo). A selecção espanhola (que havia sido afastada da final pela Dinamarca) já não conseguia uma posição de pódio desde 2013 (ano em que foi campeã mundial), enquanto os franceses ficaram de fora do pódio pela primeira vez desde 2015. Os espanhóis contaram com a tremenda exibição dos irmãos Dujshebaev, Alex (oito golos) e Daniel (seis).

Neste Mundial alargado a 32 selecções, Portugal regressou após 19 anos de ausência para conquistar a sua melhor posição de sempre, um décimo lugar, graças ao percurso perfeito na ronda preliminar, com vitórias sobre Islândia, Marrocos e Argélia. Depois, a derrota tangencial frente à Noruega (28-29) complicou as contas da selecção portuguesa, que ainda bateu a Suíça, mas acabou atropelada pela França no jogo decisivo que daria o acesso aos quartos-de-final.

Ainda assim, ficou à frente de selecções que já foram campeãs mundiais, como a Alemanha (12.º), a Rússia (14.º) e a Croácia (15.º), e terá como próximo objectivo conseguir a qualificação olímpica para Tóquio. Para que tal aconteça, precisa de ficar entre os dois primeiros num grupo que inclui França, Croácia e Tunísia.

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