João Gonçalves Pereira admite candidatar-se à liderança “caso não haja outro candidato”

Crítico da direcção de Francisco Rodrigues dos Santos, o deputado João Gonçalves Pereira também defende a eleição de um novo líder para o CDS.

Foto
João Gonçalves Pereira disponibiliza-se para a liderança do CDS mas acredita que irá aparecer outro candidato Nuno Ferreira Santos

O deputado do CDS João Gonçalves Pereira admite ser candidato à liderança do CDS “caso não haja outro candidato” ao congresso antecipado que pode vir a ser marcado, mas acredita que não será necessário.

“Caso não haja outro candidato, terei de ser consequente com as críticas que tenho feito” à direcção do partido, afirma, em declarações à agência Lusa, apesar de se mostrar esperançoso de que “até ao congresso vai aparecer um candidato” no qual se reveja.

Questionado sobre a possibilidade de o antigo vice-presidente do CDS e ex-secretário de Estado Adolfo Mesquita Nunes avançar para a corrida à presidência do partido, Gonçalves Pereira diz ser preciso “aguardar” e defende que “esta é uma altura em que o partido precisa de todos, precisa de união”, assim como “de foco, mensagem, alternativa, propostas e um rosto”. Mesquita Nunes assume a candidatura este sábado em entrevista ao PÚBLICO

“O Adolfo é um grande quadro do partido, com certeza que seria uma boa opção, mas também já disse que Cecília Meireles, Telmo Correia ou Nuno Melo também o seriam. O CDS tem várias boas opções, mas é a vontade dos próprios que deve prevalecer”, advoga, mostrando-se convicto de que “muito em breve haverá uma clarificação nesse domínio”.

Na quarta-feira, num artigo de opinião publicado no jornal online Observador, o antigo vice-presidente do CDS-PP Adolfo Mesquita Nunes propôs a realização de um conselho nacional para convocar eleições antecipadas para a liderança ainda antes das eleições autárquicas, e defendeu que esta direcção “não conseguirá” resolver “a crise de sobrevivência” do partido, mas não adianta se será candidato.

João Gonçalves Pereira tem sido crítico da actual direcção, liderada por Francisco Rodrigues dos Santos, que cumpriu na semana passada um ano de mandato, e mantém o registo.

“É uma direcção falhada, claramente em fim de linha”, acusa, considerando que “a prioridade neste momento é a convocação de um conselho nacional que tenha na ordem de trabalhos um ponto para a convocação do congresso” antecipado, uma vez que o próximo está previsto apenas para 2022.

E justifica que a recente “sucessão de demissões” de membros da direcção levará à necessidade do congresso, argumentando que “a instabilidade na direcção é grande”.

“Quando as demissões de membros da comissão política nacional são conhecidas no dia seguinte à própria comissão política nacional, é mau indicio da solidez desta direcção”, justifica o parlamentar, fazendo um diagnóstico de “divisão interna”.

Antecipando o argumento da dificuldade em organizar um congresso antes das eleições autárquicas, devido à pandemia, Gonçalves Pereira defende que esta solução “é evidentemente mais barata” do que a forma habitual, uma reunião magna presencial. “Não há razão para não convocar um congresso para tão breve quanto possível”, insiste.

Por forma permitir que a reunião do Conselho Nacional, que o presidente do partido já anunciou que vai convocar, decorra de forma “aberta, transparente” e sem “fugas de informação”, o deputado propõe que os jornalistas possam assistir a estas reuniões que habitualmente decorrem à porta fechada, e mais recentemente também são por videoconferência, devido à pandemia.

Entre quinta e sexta-feira, vários membros do grupo Juntos pelo Futuro (cuja moção conseguiu 14,45% dos votos no último congresso) demitiram-se das funções que ocupavam na direcção, entre os quais o vice-presidente Filipe Lobo d'Ávila, que argumentou não ser “possível assobiar para o lado” face à situação que o partido atravessa.

Na reunião da comissão política que terminou na madrugada de sexta-feira, o líder do CDS anunciou que irá convocar um conselho nacional (órgão máximo entre congressos) mas não adiantou se a convocação de um congresso e de eleições antecipadas constará na ordem de trabalhos, segundo contaram à Lusa fontes que estiveram presentes na reunião.

Sugerir correcção
Comentar