O que na dimensão do humano permanece analógico (a começar por nós mesmos)

A ideia hoje muito corrente de que tudo pode ser digitalizado e posto online esquece que nós não somos biónicos, nem digitais – somos analógicos e limitados pelos nossos sentidos.

Nos trabalhos de biblioteca e arquivo que faço, contacto de perto com um mundo extinto: o momento, há cerca de um século, em que há dezenas de jornais, revistas, publicações, uma espécie de invasão de papel, que chegava às mãos de alguns portugueses. Havia dezenas de jornais diários nacionais e locais, revistas com bastante periodicidade, sobre tudo que queiram imaginar – moda, política, teatro, fado, tauromaquia, vegetarianismo, jardins e hortas, folhetins, “mecânica popular”, divulgação científica, arte, cinema, livros, saúde, filatelia, sport, terra, mar e ar, astronomia popular, locais próximos e estranhos, fantasmas, religiões várias e espiritismo, “neomalthusianismo”, ou seja, simplificando, métodos de controlo dos nascimentos, vida colonial, missões, pedagogia, “classes laboriosas”, propaganda local, gastronomia, ilusionismo, jogos de cartas e azar, “infância desvalida”, maravilhas do mundo, etc., etc. Vejam o tamanho do período anterior e tripliquem-no na lista das matérias que tinham uma ou várias revistas dedicadas, secções nos jornais, ou qualquer outra forma de chegarem ao papel.

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