Elida Almeida estreia Gerasonobo com um concerto nas redes sociais

O álbum foi publicado em Novembro de 2020, mas não teve lançamento oficial devido à pandemia. Por isso, a cantora cabo-verdiana Elida Almeida decidiu lançá-lo esta sexta-feira com um concerto pré-gravado, sem público, no YouTube e no Facebook da artista às 19h de Portugal (18h em Cabo Verde e 20h na Holanda), com chancela da Lusáfrica e apoio da CVMóvel.

Nascida em 15 de Fevereiro de 1993, na cidade de Pedra Badejo, Santa Cruz, Ilha de Santiago, Elida Almeida já gravara três álbuns e vários singles, estes só com difusão nas plataformas digitais. Estreou-se com Ora Doci Ora Margos (2014), seguindo-se-lhe Djunta Kudjer (2017) e Kebrada (2017). Gerasonobo é o seu mais recente trabalho e dele já haviam sido lançados em 2020 dois singles com videoclipes: Bidibido (em Outubro) e Nha bilida (em Dezembro). Sete dos 13 temas do disco são da própria Elida (letra e música), três são parcerias com outros músicos (dois com Hernâni Almeida e um com Blinky Bill) e dois são da autoria de Manú Reis. Há ainda uma versão, com arranjo de Hernâni Almeida, de um tema dos Bulimundo, Mundo ka bu kaba.

O concerto que agora se revela foi gravado em Dezembro passado no estúdio A Casinha, dos Xutos & Pontapés, em Loures, nos arredores de Lisboa. Antes, Elida só mostrara algumas canções em concertos esporádicos, como ela diz ao PÚBLICO [Elida está em Portugal]: “Fiz um concerto no Luxemburgo, estive em Cabo Verde no final do ano e apresentei também umas músicas, mas na verdade não houve lançamento. Na gravação deste concerto cantei também algumas músicas do meu disco anterior, mas foi centrado em Gerasonobo. É um concerto de uma hora, muito curto, mas foi vivido intensamente.”

O título do disco, todo em crioulo cabo-verdiano, quer dizer “nova geração”. “Os temas que eu abordo nas minhas músicas têm muito a ver com a actualidade, com as preocupações de Cabo Verde ou do mundo. Há músicas que falam da violência doméstica, porque houve uma altura em que todos os dias havia notícia de crimes passionais. Estava a tornar-se uma coisa ‘normal’ e eu quis escrever sobre isso. Mas também falo da nova geração, menos sonhadora, muito superficial, concentrada nas redes sociais e na aparência.”

Mas é também dessa geração que tem vindo a surgir uma vaga de músicos e cantores que prosseguem o caminho desbravado pelas gerações anteriores. “Cada qual tem uma identidade própria, uma luz própria, mas no final acabamos todos o mesmo objectivo, que é elevar a música de Cabo Verde, que é espraiar as sonoridades de Cabo Verde. Temos a noção do caminho que os nossos antepassados fizeram e da responsabilidade do nosso trabalho.”