Vamos começar por uma colina à saída da minha aldeia, já depois do fim da estrada, encimada por um marco militar, e a que os meus conterrâneos chamam “talefe”. Durante anos andei intrigado pela origem daquela palavra: pela sonoridade, latina não parecia; seria árabe, talvez hebraica, pré-romana? Há pouco tempo consegui finalmente desvendar o mistério, e a resposta estava mesmo à minha frente, naquele marco militar, na verdade um posto de telégrafo visual terrestre, ou “semáforo”, daqueles que Portugal começou a ter desde a época das invasões napoleónicas, inventado por um português de origem italiana, Francisco Ciera. De “telégrafo” o sotaque ribatejano inventou a corruptela “talégrafo” que, com o tempo e a ignorância, se tornou “talefe”. A minha palavra tinha então uma história curta, mas mais fascinante do que eu pensava.
Gerir notificações
Estes são os autores e tópicos que escolheu seguir. Pode activar ou desactivar as notificações.
Gerir notificações
Receba notificações quando publicamos um texto deste autor ou sobre os temas deste artigo.
Estes são os autores e tópicos que escolheu seguir. Pode activar ou desactivar as notificações.
Notificações bloqueadas
Para permitir notificações, siga as instruções: