Médicos ainda não foram todos vacinados, representantes estão “indignados”

Representantes dos médicos querem explicações do Ministério da Saúde, dizendo que médicos estão a ser “renegados” no plano de vacinação, o que põe em risco a prestação de cuidados de saúde.

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Vacinação nos hospitais arrancou a 27 de Dezembro Rui Gaudencio

A Ordem dos Médicos (OM), o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) estão “indignados” por todos os profissionais de saúde não terem ainda recebido a vacina contra a covid-19, dizendo, em comunicado conjunto, que “muitos milhares” destes profissionais estão “a ser renegados no plano de vacinação, num processo cuja falta de transparência e equidade é indisfarçável”. Argumentando que vacinar os médicos é “proteger a saúde dos doentes”, os três organismos querem explicações do Ministério da Saúde.

A primeira fase de vacinação ainda não terminou, mas numa altura em que já vão sendo anunciadas alterações ao plano inicial, para incluir novos grupos (como detentores de cargos políticos ou idosos com mais de 80 anos, não institucionalizados), a OM, o SIM e a FNAM lembram que já passou um mês desde o início da vacinação e que se está ainda “muito longe” do objectivo de vacinar todos os médicos e profissionais de saúde. Em comunicado tornado público esta quarta-feira, indicam que têm recebido “milhares de contactos dos seus associados, reclamando o direito a ser vacinados de acordo com as prioridades anunciadas e preocupados com a falta de informação e desorganização”, acrescentando que “exigem que todos os médicos sejam vacinados”.

Para perceber por que é que isso ainda não aconteceu, as três organizações representativas da classe vão “exigir às autoridades competentes um ponto da situação oficial sobre a vacinação dos médicos por região e local de trabalho”, considerando como uma “tremenda injustiça, de consequências imprevisíveis” o facto de muitos profissionais de saúde não terem, sequer, recebido a primeira dose da vacina.

É isso que acontece em hospitais como “Alcoitão, Ortopédico da Parede, SAMS, Cruz Vermelha, misericórdias e hospitais e consultórios privados por todo o país”, garantem os autores do comunicado, acrescentando que “menos de metade dos profissionais do SNS [Serviço Nacional de Saúde] estão vacinados”. “Com isso, para além de colocar em risco a saúde e a vida dos profissionais de saúde e seus familiares, arriscam-se os escassos meios humanos disponíveis para combater a calamidade que assola o nosso SNS”, escrevem.

Isto porque, sem médicos, dizem, “ficarão por realizar muitas consultas, exames e cirurgias”, o que faz crescer ainda mais a já enorme pressão sobre os serviços de saúde. “Não vacinar todos os médicos é condenar os doentes a ficarem sem acesso a cuidados de saúde”, referem.

As três organizações acusam ainda a tutela de gerir o processo de vacinação “sem transparência e de forma propagandística”, o que, dizem, é o equivalente a uma condenação de “confinamento sem fim à vista e a uma situação insustentável”.

Também nesta quarta-feira, o presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP), afirmou que cerca de 90% dos profissionais de saúde destes hospitais não foram ainda vacinados. Ouvido na Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia da covid-19 e do processo de recuperação económica e social, Óscar Gaspar afirmou, segundo a Lusa: “O total de profissionais de saúde vacinados nos hospitais privados ronda os 1700 ao dia de hoje. Estamos a falar de cerca de 90% do pessoal de saúde que ainda não foi vacinado e, pior do que isso, não sabe quando é que vai ser.”​

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