Lacerda Sales: apoio europeu para o combate à pandemia está a ser equacionado, mas ainda não foi “formalizado completamente”

A Alemanha já ofereceu a Portugal ajuda para combater a pandemia, embora ainda não tenha recebido um pedido formal de Lisboa. António Lacerda Sales afirma: “Enquanto formos tendo respostas e capacidade de podermos responder às necessidades dos portugueses, vamos respondendo. Obviamente que equacionamos cenários e planeamos sempre a possibilidade de accionar mecanismos de cooperação europeia.”

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O secretário de Estado adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, durante a visita à nova estrutura de apoio e retaguarda de Coimbra PAULO NOVAIS/LUSA
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O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, revelou nesta quarta-feira que “é natural” que o Governo português peça ajuda internacional para combater a pandemia de covid-19tanto a nível de recursos humanos como a nível de material, embora tenha afirmado que esse mecanismo não foi ainda “formalizado completamente, mas está a ser equacionado no âmbito dos sistemas de cooperação europeia”.

Depois das notícias que deram conta da transferência de vários doentes que estavam internados com covid-19 no hospital Amadora-Sintra para outros hospitais, António Lacerda Sales garantiu que “o que o Governo assegura é que fará sempre todos os esforços para que esta rede funcione para que nenhum português tenha falta de resposta”, admitindo que haja um pedido de apoio internacional.

“Enquanto formos tendo respostas e capacidade de podermos responder às necessidades dos portugueses, vamos respondendo. Obviamente que equacionamos cenários e planeamos sempre a possibilidade de accionar mecanismos de cooperação europeia”, sublinhou. 

A Alemanha já ofereceu a Portugal ajuda para combater a pandemia. Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão revelou nesta quarta-feira, segundo a agência Reuters, que as autoridades alemãs e portuguesas estão a avaliar a possibilidade, mas acrescentou que a Alemanha não recebeu ainda um pedido formal de Lisboa.

Quanto à transferência de doentes do Amadora-Sintra, Lacerda Sales explicou que esta foi uma medida preventiva. “É preciso interpretar bem o que se passou e o que se passou não foi nenhuma falta de oxigénio”, disse o responsável aos jornalistas, na manhã desta quarta-feira, no final de uma visita ao Hospital Militar de Coimbra, que abriu as portas para acolher doentes com covid-19 de média e baixa complexidade.

Segundo o secretário de Estado da Saúde, o Amadora-Sintra tinha “mais de 150” doentes com covid-19 em ventilação não invasiva, o que “exige altos fluxos” de oxigénio, “na ordem dos 40 a 60 litros por minuto”. Essa situação, acrescentou, implica um “aumento de constrangimento e um aumento de pressão dentro da própria estrutura” de abastecimento de oxigénio do hospital. Por isso, para evitar que a estrutura “pudesse vir a não suportar essa pressão dentro das tubagens”, prosseguiu o secretário de Estado, “o que se fez foi, preventivamente, transferir doentes para outros hospitais”. Daí que “cerca de 48 doentes” tenham sido transferidos para hospitais quer da rede pública, quer da privada.

Questionado sobre a interrupção das conferências de imprensa da Direcção-Geral da Saúde, que dura há praticamente três semanas, numa altura em que o país atinge novo pico pandémico, Lacerda Sales não respondeu directamente, referindo apenas que o Governo está sempre “à procura do melhor caminho para transmitir a verdade e a verdade com transparência” e que “a questão da comunicação é sempre algo muito difícil”.

Hospital Militar de Coimbra abre com capacidade para acolher 60 doentes com covid-19 

Com o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) a atingir o limite de capacidade, o Hospital Militar da cidade começou a funcionar como estrutura de retaguarda para doentes com covid-19. O objectivo é que a instalação localizada no centro de Coimbra, colada ao Jardim Botânico, possa acolher doentes de “média e baixa complexidade”, explicou ainda o secretário de Estado da Saúde. 

Questionado sobre a demora na abertura de uma instalação deste tipo na região de Coimbra, quando medidas semelhantes já foram tomadas noutros pontos do país, o secretário de Estado referiu apenas que esta estrutura de retaguarda “surgiu na altura possível” e que o Governo trabalha com “respostas proporcionais às necessidades”. 

Neste arranque, o Hospital Militar de Coimbra dispõe de 31 camas – 21 delas com rampa de oxigénio, mencionou Lacerda Sales – mas há a possibilidade de expandir a capacidade até às 60 camas, caso haja necessidade. Esta instalação, que conta com meios humanos da Cruz Vermelha, permite “descomprimir” o sistema público, disse o responsável, na manhã desta quarta-feira.

O hospital, que já recebeu oito doentes com covid-19, resulta de uma parceria entre Forças Armadas, o Hospital Universitário, a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC), a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil, os serviços da Segurança Social e a Cruz Vermelha.

Também no final da visita ao Hospital Militar, o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado, avançou aos jornalistas que a autarquia disponibiliza o pavilhão Mário Mexia para a operação de vacinação. “Dentro de dias vai começar a campanha de vacinação em massa”, pelo que a câmara mostrou receptividade para a acolher no pavilhão de desportos Mário Mexia, que já recebeu várias secções de voto nas eleições presidenciais do último fim-de-semana. Essa solução, defendeu Manuel Machado, “é melhor do que montar tendas de campanha”, mas a última palavra será da task force do plano de vacinação e da ARSC.

O autarca referiu ainda que, tal como o Hospital Militar, há mais centros de saúde em Coimbra que poderão passar a funcionar 24 horas por dia de forma a reduzir a pressão no CHUC.

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