Os Jogos Olímpicos não estão em risco, mas podem não ter público

Thomas Bach, presidente do COI, diz que está a trabalhar para ter a cerimónia de abertura de Tóquio 2020 a 23 de Julho, mas não garante que tenha espectadores nas bancadas.

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A cerimónia de abertura está marcada para 23 de Julho LUSA/FRANCK ROBICHON

Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 ainda não se realizaram, mas já entraram para a história como os primeiros Jogos que foram adiados por um motivo que não uma guerra e podem bem reforçar esse lugar na história do desporto mundial como os primeiros Jogos sem espectadores. Thomas Bach, presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), reforçou nesta quarta-feira o seu compromisso em ter a cerimónia de abertura na capital japonesa a 23 de Julho próximo, mas não deu garantias quanto à presença de público. A segurança sanitária em tempos de pandemia, diz o alemão, é a prioridade.

“Não posso dizer que vai haver público. A nossa prioridade é que os Jogos sejam seguros e vamos fazer o que for preciso. Queríamos ter os estádios cheios. Se não for possível, vamos respeitar os princípios, a segurança é a prioridade”, declarou nesta quarta-feira o presidente do COI numa conferência de imprensa virtual realizada após uma reunião do comité executivo do organismo que tutela o olimpismo internacional.

Depois de terem sido adiados em Março do ano passado, no início da expansão global do novo coronavírus, os Jogos de Tóquio passaram para 2021, e Bach tem reafirmado em todas as oportunidades que não há plano B e que todos – COI, Comité Organizador e governo japonês – estão a trabalhar para garantir os jogos na data prevista. Uma notícia recente do Times, de Londres, dizia que o governo japonês já estaria a trabalhar para ter os Jogos apenas em 2032, mas Bach diz que o compromisso é para agora e que tudo o resto é especulação.

“Tudo isto conduz a muita especulação, o que prejudica os atletas na sua preparação. Há especulação de cancelamento e de plano B, há quem fale de adiar os jogos para 2032… Boa sorte em discutir isto com um atleta que se está a preparar para 2021. Quanto a mudar para outra cidade, não é possível em tão pouco tempo. Não perdemos tempo e energia em especulações, estamos concentrados em ter a cerimónia a 23 de Julho”, garantiu o presidente do COI. “Com o que está disponível e com a experiência do que tem acontecido no desporto no mundo, não é irresponsável organizar os Jogos Olímpicos e estamos em posição de tomar as medidas certas”, acrescentou.

Ainda sem adiantar grande coisa no que diz respeito aos protocolos sanitários para se realizarem os Jogos enquanto o mundo continua envolvido pela covid-19, Bach disse que esse manual de instruções está a ser finalizado e que será entregue aos Comités Olímpicos Nacionais no início de Fevereiro. “É uma visão geral das várias medidas que imaginamos que sejam aplicadas em Julho, com as regras de quarentenas e transporte, viver na aldeia olímpica, distanciamento social, e essas medidas serão actualizadas diariamente”, assinalou.

Durante a conferência virtual, o presidente do COI foi confrontado com a falta de popularidade dos Jogos entre os japoneses, e respondeu com compreensão e optimismo. “Compreendo quem está preocupado. A responsabilidade do governo e do COI é olhar para lá desta situação. Temos eventos a realizar-se no mundo inteiro – o Mundial de andebol está a realizar-se no Egipto com uma bolha de três mil pessoas -, temos os conselhos dos especialistas, temos as vacinas, os novos métodos de teste, temos a experiência de que o desporto está vivo”, defendeu Bach.

O líder do COI garantiu ainda que está a trabalhar para que todos os eventos agendados se mantenham no programa, reconhecendo, no entanto, que será difícil que os cerca de 11 mil atletas e outros membros de comitivas de 206 países diferentes sejam imunizados a tempo dos Jogos: “Sempre deixámos claro que não somos a favor dos atletas passarem à frente da fila. Seria fantástico que a pandemia tivesse uma resposta harmonizada no mundo, mas temos de encarar a realidade. Cada governo tem de decidir sobre a vacina e o acesso à vacina. Dissemos aos comités nacionais para contactarem os governos e discutirem sobre o momento apropriado dar vacinas aos atletas.”

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