BE defende vacinação de quem tem “responsabilidade directa” na gestão da pandemia

O CDS também é contra a vacinação de todos os titulares de órgãos de soberania. Bloquistas concordam com vacinação de Presidente da República, presidente da Assembleia da República, primeiro-ministro e restantes membros do Governo, e os presidentes dos tribunais superiores, para assegurar o “regular funcionamento dos órgãos de soberania, assim como das restantes funções essenciais no combate à pandemia”.

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Daniel Rocha

O Bloco de Esquerda defendeu nesta terça-feira que a vacinação dos titulares de cargos políticos deve limitar-se a quem tem “responsabilidade directa” na gestão da pandemia da covid-19. Numa posição enviada à Lusa, o BE defende que a vacinação dos titulares de cargos políticos deve acontecer de forma a assegurar o “regular funcionamento dos órgãos de soberania, assim como das restantes funções essenciais no combate à pandemia”. Por isso, argumenta o BE, a vacinação deve “circunscrever-se a quem tem responsabilidade directa na gestão da pandemia”.

Na lista, o partido inclui o Presidente da República, o presidente da Assembleia da República, o primeiro-ministro e restantes membros do Governo, e os presidentes dos tribunais superiores e do Tribunal Constitucional, mas os critérios de prioridade deverão ser definidos pelas autoridades de saúde e pelos órgãos de soberania.

“Os restantes titulares de cargos públicos devem ser vacinados em função dos critérios demográficos e de saúde que forem estabelecidos para a população”, acrescentam.

Na mesma nota, o BE escreve ainda que não pretende politizar o processo de vacinação e, por isso, acompanhará “qualquer decisão que seja tomada pelas autoridades de saúde”.

Os titulares de órgãos de soberania, deputados, funcionários da Assembleia da República, membros dos órgãos das regiões autónomas da Madeira e dos Açores, assim como presidentes de câmara, enquanto responsáveis da protecção civil, vão começar a ser vacinados na próxima semana.

De acordo com um despacho, emitido na segunda-feira pelo primeiro-ministro e a que o Diário de Notícias teve acesso, também a provedora da Justiça, os elementos do Conselho de Estado e a magistratura do Ministério Público também vão estar incluídos na vacinação que tem início na primeira semana de Fevereiro.

"Péssimo exemplo”, critica CDS

O CDS também é contra a vacinação de todos os titulares de órgãos de soberania. O líder do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, considerou que “dar prioridade na vacinação a todos os titulares de órgãos de soberania é um péssimo exemplo ao país e um insulto aos que mais sofrem com esta pandemia”. Num comunicado enviado aos órgãos de comunicação social, o centrista defendeu a “revisão imediata do plano de vacinação, para que os mais idosos, acima dos 80 anos, sejam incluídos na primeira fase do plano”.

“É indefensável colocar todos esses políticos à frente dos mais idosos, dos utentes dos lares, dos profissionais de saúde — tanto do público como do privado — e de outros grupos de risco que ainda não foram vacinados. Como referi à saída da última reunião na sede do Infarmed, se fosse abrangido por este direito prioritário à vacinação, cederia a minha vacina a um idoso”, concluiu.

O ex-ministro da Saúde do PS, Adalberto Campos Fernandes, também se insurgiu, no Facebook, contra a vacinação de todos os titulares de órgãos de soberania, pedindo um “sobressalto ético” e defendendo um critério assente no “bom senso”, que considere a participação de cada um no combate à pandemia, e os critérios de risco, como a idade.

No final da sua mensagem, Adalberto Campos Fernandes deixou uma “palavra de apreço" a alguns deputados pela sua coragem de dizerem que não querem integrar o grupo prioritário de vacinação, como Cristóvão Norte (PSD), João Cotrim de Figueiredo (Iniciativa Liberal) e André Ventura (Chega). 

A pandemia da doença provocada pelo SARS-CoV-2 provocou 291 mortes e 10.765 infecções nas últimas 24 horas.

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