Façamos com que seja o último confinamento

Ouvimos falar em testar, testar, testar, mas o que falta fazer é educar, educar, educar. Temos meios poderosíssimos de comunicação transversais a toda a sociedade, como a televisão, que não estão a ser utilizadas como veículos formativos.

A progressão rápida e descontrolada da epidemia covid obriga a que, uma vez mais, a Saúde se imponha à Economia. Está decidido, fecham-se também as escolas arrostando a sociedade com todas as consequências negativas para alunos, famílias e danos colaterais associados a uma medida drástica, mas necessária, para “meter o vírus na ordem”.

Face ao crescimento exponencial de infetados, hospitais públicos e privados esgotam a capacidade de internamento. Já não se fala em hospitais covid e não covid, tão pouco nas outras patologias, os doentes circulam entre unidades hospitalares de acordo com as disponibilidades e as vagas existentes. É assustador? É. Iremos refletir sobre os erros cometidos e emendar a mão? Esperemos que sim.

Vamos para casa por quanto tempo? Quem nos garante que quando voltarmos a pôr a cabeça de fora a cena não se repete? Pois! Se não mudarmos os nossos hábitos e comportamentos, é bem possível que as vagas epidémicas continuem a acontecer até adquirirmos imunidade de grupo, natural ou por efeito de uma vacinação em massa que tarda.

Ouvimos falar em testar, testar, testar, mas o que falta fazer é educar, educar, educar. Temos meios poderosíssimos de comunicação transversais a toda a sociedade, como a televisão, que não estão a ser utilizadas como veículos formativos. Todos os canais têm a obrigação de passar em horário nobre o momento covid, tempo de antena para informar da natureza do agente infetante, como se transmite e quais as medidas eficazes em minimizar contágios num vírus respiratório.

À Direcção Geral da Saúde compete definir em que termos deve ser prestada essa informação. Há excelentes comunicadores, especialistas que entram pelos ecrãs televisivos para comentar os números de infeção e a previsão da progressão da pandemia. Não me recordo, porém, de ter assistido a explicações detalhadas sobre medidas protetoras, nomeadamente sobre o uso de máscara.

Não admira pois que cidadãos menos instruídos a trouxessem ao pescoço como talismã, ou no bolso não se desse o caso de aparecer a polícia. Nós, os que lemos esta crónica, tão irresponsáveis quanto os primeiros, tirávamos a máscara enquanto cavaqueávamos à mesa da esplanada ou nos passeávamos aos magotes em locais de lazer, tecendo críticas aos mais jovens que responsabilizávamos pelo estado a que isto chegou.

Se na primeira vaga se percebe a relativização do uso de máscara protetora? Não as havia, ponto final. Não se entende agora a falta de assertividade da DGS no uso obrigatório da mesma na via pública. Percebo que não seja fácil afirmar hoje o que se relativizou no passado, mas, perante um vírus que tende a aperfeiçoar a contagiosidade por instinto de sobrevivência, é assim tão difícil corrigir o discurso por razões de inteligência?

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

Sugerir correcção
Ler 6 comentários