Apoiar a investigação de excelência rumo a um futuro inovador

A Fundação “la Caixa”, em colaboração com o BPI, é uma das principais entidades filantrópicas no apoio à investigação em Portugal e o objectivo é, segundo o curador Artur Santos Silva, atingir uma posição de liderança na União Europeia.

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D.R.

Contribuir para atenuar desigualdades sociais e estimular investigação de qualidade com vista à inovação. São estes os grandes objectivos da Fundação “la Caixa” e é nesse sentido que se orienta a maior parte das actividades que desenvolve, desde o forte e abrangente Programa de Bolsasassim como os diversos concursos de apoio à investigação, uns e outros anualamente renovados. A justificação para este propósito é simples, nas palavras do curador da instituição em Portugal, Artur Santos Silva: “A educação é um grande elevador social, mas outro muito importante é a investigação e a sua conversão em valor económico através da inovação, na medida em que contribui para aumentar o progresso económico e social.​

A Fundação leva muito a sério a missão a que se propõe, constituindo já a principal organização privada em Portugal e Espanha a apoiar investigação realizada por outras entidades públicas ou privadas, “tanto em montante como em número de projectos de investigação financiados”, explica o responsável, sublinhando que a “grande preocupação estratégica da Fundação passa agora por vir a ser a principal entidade privada da União Europeia a financiar investigação”.​ Só em 2020 a Fundação “la Caixa” concedeu 110 bolsas pós-graduação, 65 bolsas de doutoramento e 45 bolsas de pós-doutoramento, com um valor global de 30 milhões de euros. Por outro lado, os concursos de Investigação em Saúde (na sua maior parte) e de Investigação Social supuseram um apoio de cerca de 17 milhões de euros. A este valor acresce o Programa CaixaImpulse que apoia a inovação suportada em investigação em saúde que envolveu um financiamento de perto de 5 milhões de euros.

Consequentemente, apenas em concessão de apoios anuais através de concursos, quer à formação avançada, quer à investigação e à inovação, a Fundação “la Caixa”distribuiu mais de 50 milhões de euros, dos quais perto de 10 milhões corresponderam a oportunidades de financiamentos para a investigação feita em Portugal.

Programa de Bolsas ímpar

Uma das iniciativas mais emblemáticas da Fundação “la Caixa” é o Programa de Bolsas anual, que se desdobra em diversas vertentes, com vista a apoiar quem pretende continuar a estudar, nomeadamente através de bolsas para pós-graduação no estrangeiro, doutoramento e pós-doutoramento. De acordo com Artur Santos Silva, “através deste sistema de bolsas, a Fundação procura promover a formação de excelência em investigação e a transferência do conhecimento gerado para a sociedade, aumentando assim o bem-estar das pessoas, bem como a capacidade
de conseguir e de imaginar um futuro melhor.”​

Em especial, a atribuição de bolsas para doutoramento e pós-doutoramento visa “reter e atrair talentos para o nosso sistema de investigação e estimular a colaboração entre as entidades que estão a fazer a investigação”, pormenoriza. O montante atribuído é significativo, com as bolsas para doutoramento a rondarem os 120 mil euros e as de pós-doutoramento os 300 mil euros. Por outro lado, destaca as bolsas para pós-graduação no estrangeiro como sendo “um dos programas mais significativos da Europa e talvez do mundo”. A razão para esta importância é fácil de compreender, já que em jogo estão 120 bolsas (com um valor médio de 85 mil euros cada), destinadas a estimular jovens licenciados a concluírem um master, um pré-doutoramento ou até um doutoramento (caso já tenham feito o mestrado), nas melhores universidades do mundo na Europa, na América do Norte e em certos países do Extremo Oriente. E se na edição do ano passado nenhuma das candidaturas apresentadas por licenciados portugueses foi seleccionada, Artur Santos Silva deixa uma palavra de incentivo a quem procure uma educação de excelência no estrangeiro: que apresente o seu projecto à Fundação “la Caixa”, recordando que o prazo para apresentar candidatura às bolsas de pós-graduação termina no próximo dia 11 de Fevereiro.

Apoiar a investigação biomédica

Outro programa levado a cabo pela Fundação “la Caixa” é o Health Research, lançado há três anos com o intuito de desenvolver investigação de vanguarda em saúde e biomedicina, quer em Espanha quer em Portugal. As áreas apoiadas pela iniciativa devem estar relacionadas com doenças oncológicas, cardiovasculares, infecciosas e neurodegenerativas ou com o desenvolvimento de tecnologias que facilitem a investigação nestas quatro áreas. Artur Santos Silva justifica o foco do programa com o facto de “estas quatro famílias de doenças serem as grandes responsáveis por 80% dos casos em que não se atinge a esperança de vida ou que não se atinge com qualidade”.

É parceiro privilegiado deste programa a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), que iguala o financiamento de projectos nacionais que tenham concorrido, igualmente excelentes, mas que não tenham podido ser financiados pela Fundação “la Caixa”, assim se alavancando o potencial deste programa para o nosso País. Por outro lado, e porque é importante que o conhecimento gerado ao nível dos centros de investigação e da academia chegue aos cidadãos, a Fundação “la Caixa” “entendeu que esta aposta na investigação tinha de acompanhar o passo seguinte, ou seja, a translação do conhecimento gerado para a sociedade, criando o Programa CaixaImpulse”. Um exemplo da abrangência desta iniciativa verificou-se recentemente com o concurso CaixaImpulse express promovido no âmbito da Covid-19. Entre os seis projectos seleccionados, dois são portugueses, um na área da vacina contra o SARS-CoV-2 e outro no desenvolvimento de um ventilador de baixo custo.

Investigar para reduzir desigualdades sociais

É na área social que a actividade da Fundação “la Caixa” se revela em pleno e o orçamento para o próximo ano prova-o, como antecipa Artur Santos Silva: um total de 500 milhões de euros, dos quais 60% se destinam a intervenção filantrópica nas áreas sociais. “Queremos fazê-lo para atenuar o agravamento da desigualdade, procurando proporcionar mais oportunidades aos que estão em posição mais vulnerável”, justificou, reforçando que é esta também a motivação para o apoio que concede à investigação na área social. Com efeito, é também organizado um concurso anual, ao qual são chamadas “todas as áreas das ciências sociais para apresentar projectos que contribuam para resolver ou atenuar os grandes desafios sociais”. Também neste concurso se conseguiu construir uma parceria da maior importância com a FCT, através de uma intervenção semelhante à do concurso anual de Investigação em Saúde Health Research. Além disso, a Fundação possui uma unidade de investigação própria – o Observatório Social –, organiza concursos de concretização muito rápida (“flash”) e vai realizar anualmente uma grande conferência sobre temas sociais.

“Quem tem uma presença muito forte no combate às situações de maior vulnerabilidade social, como é o caso da Fundação, está altamente interessado em que haja mais investigação e mais progresso que depois conduza a estimular melhores políticas sociais e melhor acção da sociedade”, sintetiza o também Presidente Honorário do BPI.