A bipolaridade no ensino e o combate à pandemia

Estas decisões não tiveram nada de científico e pedagógico, mas sim de político e económico. Quantos alunos se vão desligar do ensino durante estes dias?

Na última semana tivemos decisões para todos os gostos. As escolas não fecham porque o ano letivo estaria dado como perdido, mas os centros de estudo e ATL, principal apoio dos pais e encarregados de educação, fecham!

Depois, os ATL abrem para apoiar os alunos até aos 12 anos, isto porque a partir dessa idade os jovens são completamente autónomos, aliás, se acontecer alguma coisa a um jovem de 13 anos que foi deixado em casa sozinho e por algum motivo se magoa, quero ver que CPCJ não irá investigar os pais por desleixo ou abandono!

No dia seguinte vão testar docentes, não docentes e alunos do Ensino Secundário!

Ontem, surpreendentemente, tivemos o sr. primeiro-ministro a declarar que todas as escolas do ensino básico e secundário, bem como creches e jardins de infância, vão encerrar hoje. Mas mais, será uma pausa letiva, ou seja, as escolas e docentes que se preparam desde o início do ano letivo a preparar o ensino presencial, misto ou online ficaram sem perceber o porquê desta decisão!

Todos verificamos que um confinamento geral com as escolas abertas foi um fiasco. Todas as manhãs víamos o trânsito constante, a população a movimentar-se nas ruas e supermercados como se de uma situação normal se tratasse. Grande parte dos professores e uma grande quantidade de pais perceberam o risco que a comunidade educativa estava a correr. O número de alunos positivos, em isolamento e ausentes era substancial, bem como pessoal docente e não docente.

Agora, todos queremos perceber a razão de não passarmos imediatamente para o ensino à distância. Ah, pois, nem todos os alunos tiveram acesso aos meios eletrónicos prometidos pelo Governo, na voz do sr. ministro da Educação, que tantas vezes está mudo!

Esta situação é que compromete o ano letivo!

Quantos alunos se vão desligar do ensino durante estes dias, quantos é que pensarão em sair de casa, já que não têm nada para fazer e não têm qualquer obrigação ou tarefa para realizar.

Estas decisões não tiveram nada de científico e pedagógico, mas sim de político e económico.

Não brinquem, nem enganem as pessoas. Merecemos honestidade e lealdade! Que exemplo estamos a dar a estes jovens?

Isto não é uma questão política, mas de saúde pública e de salvaguarda da vida!

E, já agora, as eleições podiam esperar mais umas semanas em vez de arriscar a vida de quem quer cumprir os seus deveres de cidadão!

Planeamento e organização não rimam com governação, e com educação também não!

A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico

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