Republicanos propõem adiamento do julgamento de Donald Trump no Senado

Mitch McConnell considera que equipa jurídica do ex-Presidente precisa de tempo para preparar a defesa e defende que o julgamento do impeachment não deve começar antes de 15 de Fevereiro. Para Trump ser condenado, 17 republicanos terão de votar ao lado dos 50 democratas.

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Desde quarta-feira, Mitch McConnell passou a ser líder da minoria republicana no Senado Reuters/POOL

O líder da minoria republicana no Senado, Mitch McConnell, pediu aos democratas para adiarem o início do julgamento do processo de impeachment (destituição) de Donald Trump até meados de Fevereiro, por considerar que a equipa jurídica do ex-Presidente precisa de tempo para se preparar.

O pedido foi enviado por McConnell ao líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, que está a avaliar a proposta dos republicanos e deve dar uma resposta em breve.

Num comunicado, Mitch McConnell defende que a equipa jurídica de Donald Trump precisa de uma “quantidade modesta e razoável de tempo adicional” para preparar a defesa contra a acusação de “incitamento à insurreição”, aprovada pela Câmara dos Representantes na semana passada.

“Neste momento de fortes paixões políticas, os republicanos do Senado acreditam que é absolutamente imperativo não permitir que um processo incompleto prejudique o processo que o ex-Presidente Trump merece ou que prejudique o Senado ou a presidência”, justificou o líder da minoria republicana na câmara alta do Congresso.

Os republicanos pretendem que a Câmara dos Representantes espere até ao dia 28 de Janeiro para enviar o processo de impeachment para o Senado, ao qual seria acrescentado um período de duas semanas para a equipa jurídica de Donald Trump, que será chefiada pelo advogado Butch Bowers, da Carolina do Sul, preparar a defesa. Neste calendário proposto pelos republicanos, o julgamento de Trump no Senado não começaria antes de 15 de Fevereiro.

No entanto, o envio do impeachment – aprovado na semana passada com os votos favoráveis dos democratas e de dez congressistas republicanos - para o Senado está nas mãos da presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, que, na quinta-feira, não se comprometeu com um prazo, apesar de afirmar que tal deveria acontecer “em breve”. 

De acordo com o The New York Times, o Partido Democrata pretende que Donald Trump, acusado de incitar a multidão dos seus apoiantes que invadiu o Capitólio no passado dia 6 de Janeiro, causando a morte de cinco pessoas, seja julgado rapidamente, e o processo poderia começar já na próxima segunda-feira.

Além disso, um adiamento também agradar aos democratas e ao novo Presidente norte-americano, que pretende que o Senado aprove rapidamente os membros da sua Administração - até quinta-feira, apenas a directora dos Serviços Secretos, Avril Haines, foi confirmada pelo Senado – e se foque na aprovação das políticas da nova Administração, sobretudo nas medidas de combate à pandemia de covid-19 

“Caso estejamos a fazer progressos na confirmação nas confirmações [dos nomeados de Joe Biden], penso que os democratas estarão abertos a considerar um adiamento para que Trump tenha tempo para reunir a sua equipa jurídica para o julgamento de impeachment”, disse o senador democrata Chris Coons, do Delaware, à CNN.

Desde a passada quarta-feira, data da tomada de posse de Joe Biden e Kamala Harris, o Senado passou a ser composto por 50 senadores de cada um dos partidos, tendo a vice-presidente, que por inerência preside à câmara alta do Congresso, o poder de desempate, o que deixa os democratas em maioria.

Contudo, para garantir a condenação de Donald Trump por “incitamento à insurreição" — que o poderia afastar de futuros cargos federais, inclusive de concorrer à presidência em 2024 —, são necessários os votos favoráveis de dois terços do Senado. Ou seja, os democratas têm de conseguir convencer 17 senadores republicanos a votarem ao seu lado, uma hipótese que não está totalmente descartada, uma vez que o próprio Mitch McConnell não afastou a possibilidade de condenar o ex-Presidente.

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