Covid-19: “Nada garante um Verão relaxado como o de 2020”, diz virologista alemão

Christian Drosten diz que é preciso baixar os números de infecções agora e que não é automático que os casos diminuam de forma automática com o tempo quente.

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Christian Drosten respondendo, esta sexta-feira, a perguntas dos jornalistas ANDREAS GORA/EPA

O virologista alemão Christian Drosten deixou um alerta sobre a evolução da pandemia na Alemanha, que está a fazer um confinamento estrito para tentar travar a covid-19, no dia em que o Governo fala de resultados “encorajadores": “Temo o que possa acontecer na Primavera e no Verão”, disse o especialista, numa entrevista à revista Der Spiegel.

Actualmente, vários países dependentes do turismo de Verão tentam imaginar uma época turística com mais movimento de pessoas, tendo mesmo a Grécia apresentado uma ideia de um certificado de vacinação.

Mas o facto de haver uma nova variante que infecta mais facilmente aumentou os pedidos de mais restrições à circulação. Drosten apontou que a variante identificada no Reino Unido é entre 22% a 35% mais infecciosa, numa intervenção numa conferência de imprensa com o ministro da Saúde, Jens Spahn, e o director do Instituto Robert Koch, Lothar Wieler. “Isto é infelizmente mais perigoso do que se se tivesse transformado para ser mais letal”, sublinhou na entrevista. “Porque cada pessoa infectada irá infectar mais pessoas, e cada uma destas pessoas irá assim infectar mais pessoas, por isso o número de infectados irá aumentar exponencialmente.”

Agora é a altura para fazer descer os números, e o virologista alerta contra a ideia de que estes vão decair automaticamente com o tempo mais quente, como aconteceu no ano passado. “O facto de termos tido um Verão tão relaxado em 2020 teve provavelmente a ver com o facto de os nossos números de infecção terem estado abaixo de um limite crítico na Primavera”, disse. “Mas esse já não é o caso agora.”

Em relação à “enorme pressão económica, social, política e talvez legal” para pôr fim às medidas restritivas quando já estiverem vacinados os idosos, Drosten teme que haja “um enorme número de pessoas infectadas num curto espaço de tempo”. Se isso acontecer, “podemos ver, no pior dos cenários, uns 100.000 casos por dia”. Então haveria provavelmente muito mais jovens infectados, e apesar de estes terem muito menos hipótese de ter uma versão grave da doença, se muitos forem infectados ao mesmo tempo, “as unidades de cuidados intensivos vão encher de novo.”

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