Fila de três quilómetros para fazer testes em Vialonga

Utentes esperaram várias horas e muitos eram crianças encaminhados pela Saúde 24 para fazerem teste.

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As filas para fazer testes no Centro Covid-Drive de Vialonga atingiram, esta segunda-feira, os três quilómetros de extensão, obrigando centenas de pessoas a esperar longas horas para conseguirem fazer o despiste da doença. O problema foi denunciado esta terça-feira pela Concelhia de Vila Franca de Xira do PCP e confirmado por utentes que chegam a apontar esperas de quase seis horas para realizar o teste. Para agravar a situação, muitos dos que estiveram na fila eram crianças das escolas da região, acompanhadas pelos pais, que receberam indicações da Linha Saúde 24 e das autoridades de saúde para realizarem o teste.

O Centro Covid-Drive instalado pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) e pelo agrupamento regional de centros de saúde no quartel dos Bombeiros de Vialonga não funciona ao fim-de-semana, o que também contribuiu para uma maior afluência na segunda-feira. O agravamento generalizado da pandemia e o facto de no concelho de Vila Franca (142 mil habitantes) existir apenas mais um centro de testes da rede pública, que funciona no Centro de Saúde de Alverca e tem, igualmente, um horário limitado, ajudou a que a situação se complicasse.

O PCP de Vila Franca de Xira diz que este centro de testes covid-19 em sistema drive-in “é dado como referência pelo Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Estuário do Tejo”, mas “face ao desenvolvimento da situação pandémica demonstra não ter capacidade de resposta às necessidades da população”.

“A situação tem levado a que largas centenas de pessoas - incluindo crianças -, com e sem sintomas, se sujeitem a longos períodos dentro das viaturas, numa fila de veículos que chegou a atingir os três quilómetros, sem acesso a casa de banho ou a alimentação”, critica a estrutura local comunista, vincando que os tempos de espera foram, em muitos casos superiores a quatro horas. “Os relatos dos utentes confirmam que apenas três trabalhadores procuram dar vazão ao trabalho, abdicando mesmo do seu tempo de descanso e refeição, o que torna a situação ainda mais grave quer do ponto de vista da resposta aos utentes, quer do ponto de vista laboral”, acrescenta o PCP, reclamando “o reforço dos meios técnicos e humanos necessários para, a par dos cuidados profilácticos, mitigar o problema”.

Alguns dos utentes envolvidos confirmam a situação. “Cheguei às 9h50 e o miúdo fez o teste às 15h40. E só se viam crianças nos carros. Inadmissível!”, sustenta Marta Calisto, residente em Vila Franca de Xira. ”Moro muito perto e vi as filas até perto das 18h00. Nunca tal tinha acontecido”, acrescenta Marta Gonçalves. Parte dos utentes eram crianças de escolas da região encaminhadas na sequência de sintomas ligeiros ou de casos suspeitos entre colegas de escola.

O PÚBLICO tentou obter mais esclarecimentos junto da ARSLVT, mas ainda não teve resposta.

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