Sporting-FC Porto, um clássico ameaçado pelo vírus

Os “dragões” emitiram um comunicado no qual acusam o rival de cometer um “crime público”; os “leões” responderam acusando os portistas de “irresponsabilidade, tacanhez e mesquinhez”.

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Sporting e FC Porto já jogaram uma vez esta época e o jogo terminou empatado a dois golos LUSA/ANTONIO COTRIM

Os vários casos positivos de covid-19 nos plantéis de Sporting e FC Porto já eram garantia que o segundo clássico do futebol português em 2021, que será disputado na noite desta terça-feira (19h45, SIC), em Leiria, seria um dos mais condicionados da história do futebol português, mas na segunda-feira, ao final da noite, os efeitos da pandemia agitaram ainda mais a primeira meia-final da Taça da Liga. O FC Porto emitiu um comunicado no qual acusa o Sporting de cometer um “crime público” ao anunciar que Nuno Mendes e Sporar estarão “em condições” de jogar e ameaça “repensar a participação na final four da Taça da Liga, para defesa de todos os intervenientes”. O Sporting ripostou e pela boca do seu director de comunicação foi contundente: “Se não quiserem comparecer amanhã [terça-feira], muito bem, mais fácil para nós que estamos na final.”

Ao início da tarde desta segunda-feira, o cenário para o frente a frente entre Sporting e FC Porto não era positivo para nenhum dos lados. Se do lado dos portistas havia no boletim clínico quatro baixas certas devido à covid-19 (Otávio, Sérgio Oliveira, Luís Diáz e Evanilson), o quadro para os sportinguistas era similar: Tabata tinha acusado positivo e juntava-se a Luís Neto, Sporar e Nuno Mendes, que já tinham falhado a partida contra o Rio Ave, na sexta-feira (a contar para o campeonato), após testarem positivo.

Porém, a meio da tarde, uma conferência de imprensa do director clínico do Sporting deu origem à polémica. Segundo informou João Pedro Araújo, os testes de Sporar e Nuno Mendes realizados na passada quarta-feira terão sido “falsos positivos”, e o responsável “leonino” adiantou que, com essa notícia, a “preocupação” do Sporting “é que os atletas possam estar disponíveis amanhã [hoje] se a equipa técnica assim o entender”.

Mesmo sem confirmar que Sporar e Nuno Mendes iriam estar à disposição de Rúben Amorim, João Pedro Araújo deixou claro que o Sporting considerava que o avançado esloveno e o defesa português reúnem condições para serem utilizados já nesta terça-feira.

Meia dúzia de horas depois, chegou a resposta do FC Porto através de um comunicado: “Esta antecipação em seis dias do fim do isolamento dos dois jogadores do Sporting é um crime público, inaceitável numa altura em que Portugal é líder mundial do número de novos casos de covid-19 por milhão de habitantes e numa fase em que todos os dias se bate o recorde nacional de mortes por esta doença.”

Por este motivo, o FC Porto, que considera que a atitude do Sporting é “ainda mais incompreensível por ser cometido por um clube presidido por um médico”, refere que “comunicou esta situação à Liga e à Direcção-Geral da Saúde e vai participá-la à Ordem dos Médicos, na expectativa de que as autoridades façam cumprir a lei, sob pena de ter de repensar a participação na final four da Taça da Liga, para defesa de todos os intervenientes. É uma questão de saúde pública.”

A resposta"leonina"

Poucos minutos depois da surgir a reacção do FC Porto, o Sporting contra-atacou. Em declarações à Sporting TV, Miguel Braga, director de comunicação dos “leões”, reagiu de forma contundente: “Temos de perceber a irresponsabilidade, a tacanhez e a mesquinhez que é preciso ter para escrever um comunicado desses.”

Segundo Miguel Braga, o Sporting “foi prejudicado, pois não pôde utilizar dois jogadores que estavam aptos por um erro de um laboratório” e “não é preciso o FC Porto falar com a DGS ou com a Liga, porque o Sporting já o fez, já deu os elementos a quem de direito.”

O dirigente “leonino” garante que “é óbvio” que o Sporting tem a expectativa de utilizar Sporar e Nuno Mendes nesta terça-feira e diz que se “o FC Porto não quiser comparecer amanhã [hoje], muito bem, mais fácil” para o Sporting.

“O FC Porto quer continuar a insistir na mentira, com um comunicado que é um atentado à inteligência”, continuou Miguel Braga, que acusou ainda os “dragões” de continuarem “a tentar incendiar o futebol português.”

Calendário saturado

Num calendário saturado, o clássico da noite desta terça-feira entre Sporting e FC Porto, a acontecer, será, certamente, um dos mais condicionados da história do futebol português e, do ponto de vista táctico, Rúben Amorim e Sérgio Conceição terão de usar alguma criatividade para conseguirem surpreender o adversário.

Quem parece surgir mais fragilizado será, no entanto, o FC Porto. Depois de há dez dias terem sido detectados três casos de covid-19 no plantel “azul e branco” (Manafá, Carraça e Fábio Vieira, que já recuperaram), os “dragões” ficaram privados de Otávio no duelo com o Benfica na passada sexta-feira, mas já depois do empate com os “encarnados”, chegou mais uma má notícia para os portistas: Sérgio Oliveira, Luís Diáz e Evanilson também estão infectados. A este trio, que em condições normais podia ser titular com o Sporting, juntam-se Marcano e Mbaye (lesionados), e Taremi (castigado).

Com tantas contrariedades, Sérgio Conceição não escondeu que “não são as condições ideais para se jogar uma meia-final Taça da Liga”. Na antevisão do jogo, o técnico do FC Porto referiu que “a partida fica condicionada a partir do momento em que as duas equipas não estão completas” e, com “tantas limitações” originadas por esta “terrível pandemia” fica “complicado” preparar o confronto com o Sporting, Porém, o treinador “azul e branco” acrescenta que a sua equipa tem “de aceitar e ir à luta”.

“Estamos limitados nas opções, mas temos de ir para a frente com os disponíveis. Vamos encarar o jogo com a melhor estratégia para ganhar e estar na final de sábado”, vincou.

Assim, com o reduzido leque de opções que tem à sua disposição, é improvável que Conceição dê descanso a jogadores nucleares como Corona e Marega, que estão sobrecarregados de jogos, e lance de início Marko Grujic no meio-campo, Toni Martinez no ataque e João Mário ou Romário Baró numa das alas.

Amorim menos limitado

Do lado do Sporting, Rúben Amorim tem menos limitações do que Sérgio Conceição e ontem teve uma notícia que pode alargar as suas opções para hoje: João Pedro Araújo, director clínico do Sporting, informou em conferência de imprensa que os testes de Sporar e Nuno Mendes realizados na quarta-feira passada terão sido “falsos positivos”, adiantando que a “preocupação” do clube “é que os atletas possam estar disponíveis amanhã [hoje] se a equipa técnica assim o entender”.

Sem a confirmação se pode contar com Sporar e Nuno Mendes contra o FC Porto, Amorim fez a antevisão do duelo contra os portistas com a garantia que Neto e Tabata estão indisponíveis devido a testes positivos à covid-19, mas alertou para as possíveis consequências que uma nova paragem no futebol: “Certamente que não seremos nós [treinadores e jogadores] a sofrer se isto parar. Nós temos o nosso trabalho, o nosso emprego, quem sofre são as outras pessoas e as que estão à volta do clube, como já sofreram.”

Pandemia à parte, Amorim garantiu que a derrota (Marítimo) e o empate (Rio Ave) nos dois últimos jogos não vão influenciar o desempenho dos “leões” na meia-final, e recusou qualquer vantagem pelo facto de o FC Porto estar privado de vários jogadores: “Só quem não conhece aquele treinador e aquele grupo de jogadores é que pode esperar alguma facilidade só porque um ou outro jogador não joga.”

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