Situação económica provoca protestos na Tunísia

Seis cidades registam protestos, alguns violentos, quando se marca o décimo aniversário da revolução que derrubou Ben Ali e marcou o início das “primaveras árabes”.

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O primeiro-ministro tunisino, Hicham Mechichi, acabou de anunciar uma remodelação do seu Governo MOHAMED MESSARA/EPA

As dificuldades económicas cada vez maiores levaram a uma série de protestos violentos e alguns motins em pelo menos seis cidades da Tunísia, incluindo a capital, Tunes, e a cidade costeira de Sousse.

As manifestações, iniciadas na sexta-feira e cujo ponto alto foi no sábado à noite, acontecem quando a Tunísia celebra dez anos sobre a revolução que derrubou o antigo Presidente, Zine El Abidine Ben Ali. Esta foi provocada pela imolação de um vendedor de rua, Mohamed Bouazizi, 26 anos, vendedor de frutas e legumes, depois de a polícia ter confiscado os seus produtos, o que levou a uma revolta geral pelas condições de vida, desemprego, pobreza, injustiça e corrupção do regime.

A seguir à revolução, a Tunísia conseguiu fazer uma transição para a democracia, uma excepção nos países das “Primaveras árabes”, que levaram a guerras inacabadas em países como a Síria e a Líbia, e a um regime ainda mais repressivo do que o derrubado no Egipto, por exemplo. Mas a deterioração da situação económica, com serviços públicos limitados e o país prestes a ficar na bancarrota, têm levado a agitação social.

Os protestos actuais são um desafio para o Governo de Hicham Mechichi, que acabou de anunciar uma remodelação governamental com novos ministros em pastas importantes como o Interior, Justiça e Energia, para tentar responder à crise e ao descontentamento generalizado.

As manifestações terão começado em Siliana, no Norte, depois de um vídeo publicado nas redes sociais mostrar um polícia a gritar e empurrar um pastor depois de uma ovelha ter entrado na sede do governo local, conta a emissora Al-Jazeera.

Em Sousse, testemunhas dizem que a polícia usou gás lacrimogéneo para dispersar centenas de manifestantes que bloquearam estradas e queimaram pneus. Na cidade houve ainda jovens que quebraram montras e entraram em lojas.

Protestos violentos também ocorreram em várias zonas da capital, e houve motins no Norte do país em Kef, Bizerte e Siliana.

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