Ana Gomes diz ter “obrigação” de estar com portugueses que têm de trabalhar

A candidata presidencial esteve em campanha em Matosinhos.

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Ana Gomes esteve no mercado e Matosinhos LUSA/TIAGO PETINGA

A candidata presidencial Ana Gomes fez nesta sexta-feira um curto passeio entre a Câmara e o mercado de Matosinhos, defendendo ser sua obrigação “estar junto dos portugueses, “tanto os que estão em casa a confinar, como dos que têm de trabalhar”.

Na primeira manhã depois de entrar em vigor o dever de recolhimento domiciliário, Ana Gomes foi recebida na Câmara de Matosinhos e foi depois acompanhada pela autarca socialista Luísa Salgueiro a pé até ao mercado local, num percurso em que foram cruzando com vários cidadãos.

A candidata foi parando para conversar com alguns idosos, um que iam à farmácia, outros que só queriam “aproveitar o solinho”, com taxistas e também com comerciantes à porta de estabelecimentos que podem permanecer abertos, como um snack-bar ou um talho.

Entre a comitiva e os jornalistas, eram cerca de duas dezenas de pessoas que seguiam a candidata, o que, quando Ana Gomes parava para estes diálogos, gerava alguns momentos de maiores aglomerações e, no mercado, motivou protestos pelo menos uma pessoa que pedia “distância”.

“Penso que respeitámos as regras, se me demonstrarem que não e que errei serei a primeira a corrigir, todas as pessoas estavam protegidas com máscaras, não houve toque físico a não ser de braços e tentámos estar à distância”, afirmou a candidata, em declarações aos jornalistas.

Questionada se contava encontrar pessoas na rua, a antiga eurodeputada socialista considerou que “não foram assim tantos” e disse ter a certeza que todos tinham motivos válidos para estas deslocações.

Em concreto em relação ao mercado, que visitou ao final da manhã, Ana Gomes salientou que faz questão de estar com pessoas, na maioria mulheres, “que estão a trabalhar para permitir que outros estejam em confinamento”.

“Estes portugueses precisam de apoio e eu estou aqui no meu trabalho de candidata e de política junto dos portugueses que estão a trabalhar nestas condições para que o resto do país possa confinar. Sim, é minha obrigação estar junto dos portugueses, tanto os que estão em casa a confinar, como os que têm de estar aqui a trabalhar”, defendeu.

Luísa Salgueiro disse ter muito “orgulho” em acompanhar a candidata presidencial Ana Gomes - que não tem o apoio do PS, mas do PAN e do Livre -, mas escusou-se a confirmar que tal traduza o seu apoio.

“Enquanto presidente da câmara e representante de todos os munícipes não me cabe dar a minha opinião pessoal, que tenho, porque estou aqui institucionalmente”, afirmou a autarca, assegurando que receberá outros candidatos que queiram ser recebidos em Matosinhos.

Ana Gomes registou que Marcelo Rebelo de Sousa tenha começado a fazer campanha, defendendo que o papel de “qualquer candidato, inclusivamente do incumbente, é sujeitar-se ao escrutínio”.

“Foi esse o exemplo que nos legaram anteriores presidentes, designadamente Mário Soares e Jorge Sampaio”, afirmou a diplomata, questionada pelos jornalistas sobre o tema no final de uma reunião na Reitoria da Universidade do Porto.

Para Ana Gomes, o Presidente da República e recandidato estava a “desvalorizar o esclarecimento dos eleitores, que é a razão por que existe campanha eleitoral”.

“Os cidadãos têm de perceber que muitas vezes o que parece não é, sobretudo quando estão em causa políticas que têm bloqueado o país ou a falta delas, como a descentralização efetiva, que tem sido bloqueada há décadas por Marcelo Rebelo de Sousa”, disse.

Questionada, por outro lado, se, ao responder aos ataques do candidato André Ventura não está a deixá-lo ditar os ritmos da sua campanha, a antiga eurodeputada do PS respondeu negativamente.

“Estou aqui para combater ideias erradas e projectos perversos, mas também a ilusão dos que pretendem que a ultradireita é apenas mais uma corrente de opinião. Não podemos ser ingénuos”, disse, mas assegurando que não vai contribuir para “degradar o debate político”.

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