FC Porto-Benfica: um clássico a olhar para cima

Empatados no segundo lugar, Sérgio Conceição e Jorge Jesus defrontam-se no Dragão, já sabendo o que aconteceu ao líder Sporting na recepção ao Rio Ave.

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Marega tenta passar por entre Grimaldo e Vertonghen José Coelho/Lusa

À entrada para a 14.ª jornada do campeonato, há outra “anomalia” no campeonato português, para além da maior de todas, a falta de público nas bancadas – o futebol profissional não vai parar com o novo confinamento, mas o regresso dos espectadores não estará para breve. Ela está no topo da classificação, chama-se Sporting e é uma “anomalia” tendo em conta o historial do futebol português nas últimas 20 épocas, em que o líder do primeiro terço da I Liga foi quase sempre FC Porto ou Benfica.

Será a olhar para cima que “dragões” e “águias” se defrontam nesta sexta-feira no Estádio do Dragão (21h, SPTV1), empatados no segundo lugar e já com o conhecimento do que se passou em Alvalade entre Sporting e Rio Ave. Se o líder (ainda invicto e com quatro pontos de vantagem sobre os dois perseguidores) perder ou empatar, o prémio para quem ganhar o clássico no Dragão será bem maior.

Havendo ainda mais de meio campeonato para jogar, e independentemente do que tiver acontecido em Alvalade, este clássico estará longe de ser decisivo para qualquer um deles, mas a vitória perante um adversário directo será sempre importante para marcar posição sobre o outro e deixar um aviso à restante concorrência.

E será especialmente importante numa época em que ambos têm mostrado alguma irregularidade exibicional e de resultados – e é por isso que estão empatados na vice-liderança, e ambos já com duas derrotas no campeonato, ao contrário do Sporting, que ainda não perdeu.

Sérgio Conceição e Jorge Jesus têm feito carreira a marcar posição em jogos importantes. Como treinador do FC Porto, Conceição ganhou seis dos nove jogos aos “encarnados”, o último dos quais um triunfo por 2-0 em Aveiro que deu uma Supertaça. Como técnico do Benfica, Jesus tem uma percentagem menor de sucesso frente aos portistas, mas, ainda assim, conseguiu um terço de vitórias – sete em 21 jogos, mais um empate com sabor a vitória numa meia-final da Taça da Liga decidida nos penáltis.

Não haverá grandes segredos entre Conceição e Jesus, que se conhecem há 26 anos, desde os tempos do Felgueiras em que o técnico portista estava a conquistar o seu espaço no futebol português e JJ estava no seu primeiro emprego como treinador de primeira divisão. E ambos admitiram isso mesmo nas conferências de imprensa de lançamento do “clássico”.

“O Benfica tem a possibilidade de jogar de duas ou três formas diferentes e estamos atentos a isso. Não é muito difícil adivinhar o ‘onze’, mas desta vez não o faço”, atirou Conceição. “Num dia, muita coisa pode mudar com o problema do covid. Mas não há muito para enganar: nem eu ao Sérgio, nem o Sérgio a mim”, atirou Jesus. E nem de propósito, Otávio ficou de fora devido ao novo coronavírus e no Benfica ficou a saber-se também já ao final da noite que três elementos tinham covid-19, embora não se conhecesse a sua identidade. 

E esse conhecimento mútuo a partir do banco já vem desde 2012, quando Conceição defrontou Jesus pela primeira vez enquanto treinador – estava no Olhanense e não se deu mal, travando o Benfica com um empate sem golos no algarvio José Arcanjo. Ao todo, incluindo a Supertaça em Dezembro do ano passado, Conceição e Jesus defrontaram-se 16 vezes, com vantagem para o técnico amadorense – Jesus venceu sete, Conceição venceu cinco, e houve quatro empates.

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Darwin e Pepe durante a Supertaça, em Aveiro

“Dragões” estabilizaram

Como chegam FC Porto e Benfica ao clássico? Ambos já tiveram os seus percalços ao longo da época, mas o campeão nacional parece ter estabilizado nas vitórias. Depois de um mês de Outubro em que perderam três e empataram uma vez, a formação portista já leva 15 vitórias nos últimos 16 jogos, tendo apenas empatado neste período com o Manchester City para a Liga dos Campeões. Já o Benfica tem nove vitórias nas últimas 16 partidas, mais três derrotas e quatro empates, sendo que não consegue ganhar três jogos seguidos desde o início de Dezembro do ano passado.

A estatística, diz Sérgio Conceição, conta zero num clássico. “Isso não conta para nada, conta zero. Somos nós que vamos escrever a história do jogo de amanhã, não depende de nenhuma estatística”, argumenta o técnico portista.

Jesus, por seu lado, diz que tem notado uma evolução na sua equipa de jogo para jogo, a que não é alheio o facto de ter apenas um jogador indisponível: “O único jogador que temos lesionado é o André Almeida. Tenho mais opções e acho que a equipa está muito melhor do que há umas semanas.”

Aconteça o que acontecer neste clássico, o que é certo é que nenhum deles terá muito tempo para celebrar e/ou lamber as feridas. Este é um jogo que acontece a meio de um Janeiro muito intenso para ambos, que, depois do confronto no Dragão, ainda terão mais quatro jogos pela frente até ao final do mês. Terça-feira voltará a ser dia de clássicos no futebol português, desta vez na Taça da Liga, com Sporting-FC Porto e Sp. Braga-Benfica. Ninguém tem tempo para respirar.

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