Covid-19: Hospital de São João detecta anticorpos em 95% dos profissionais vacinados

Estudo está a ser feito em cerca de 40 profissionais de saúde vacinados no primeiro dia de vacinações, a 27 de Dezembro. Em 15 dias, quase todos já desenvolveram anticorpos.

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A primeira vacina contra a covid-19 foi administrada no Hospital de São João a 27 de Dezembro Paulo Pimenta

O Hospital de São João, no Porto, detectou anticorpos produzidos pela vacina em entre 95 a 97% dos profissionais de saúde vacinados contra a covid-19, 15 dias depois da primeira toma do medicamento, a 27 de Dezembro.

O director do serviço de patologia clínica do Centro Hospitalar Universitário de São João, Tiago Guimarães, confirmou ao PÚBLICO que a esmagadora maioria dos cerca de 40 profissionais de saúde que integram este estudo sobre a imunidade da vacina contra a covid-19 já desenvolveu anticorpos.

“Não estamos a descobrir nada”, disse o médico, afirmando que este trabalho que está a ser desenvolvido serve para ter “provas do mundo real” daquilo que se tinha “apenas como um número há umas semanas atrás”, quando a farmacêutica Pfizer-BioNTech apresentou os resultados dos testes à vacina desenvolvida.

“Isto dá-nos a certeza de que vale a pena. A vacina vale a pena e quanto mais depressa vacinarmos, melhor”, acrescentou, sublinhando que resultados no terreno como estes podem servir para aumentar a confiança da população na vacinação.

O estudo serve também para que o hospital acompanhe de perto as pessoas vacinadas e esteja “preparado para eventualidades” que possam surgir.

“Termos algum sentido crítico a partir da nossa própria experiência é uma coisa muito importante para não ficarmos só limitados ao que já está escrito, conhecido, mas sobre o qual que não temos a nossa experiência.

Numa outra dimensão, a análise também reforça a segurança do intervalo de entre 21 a 42 dias para a toma da segunda dose, uma vez que a criação dos anticorpos se verifica a tempo e “dá ânimo” e segurança para quem vai tomar a segunda dose depois dos 21 dias. “Não temos de andar a correr para vacinar ao fim dos 21 dias.”

O acompanhamento está a ser feito com cerca de 40 profissionais de saúde de todas as idades, dos 25 aos 65 anos, mas a ideia é ter um grupo maior à medida que também decorre a vacinação. Todas as semanas é recolhida uma amostra de sangue: a primeira colheita foi feita logo a 27 de Dezembro e a ideia é continuar durante “pelo menos oito semanas”.

Os testes realizados detectam apenas anticorpos produzidos pela vacina, uma vez que identifica uma proteína especificamente relacionada com a vacina que leva ao aparecimento de anticorpos. Além dessa, o estudo está também a detectar a proteína que “é normalmente a que aparece na infecção”, o que permitiu identificar “um pequeno grupo de pessoas que tinham tido a infecção e não sabiam”.

Quanto aos casos de pessoas em que ainda não foram detectados anticorpos, Tiago Guimarães disse ser “natural” que ainda não tenham sido desenvolvidos apenas 15 dias depois da administração, mas também lembra que mesmo nos testes desenvolvidos pela Pfizer 5% dos participantes não desenvolviam imunidade.

“Pode acontecer que as pessoas respondam melhor a outros mecanismos. Isso também é uma coisa exploratória, mas faz todo o sentido perceber porque é que alguns não desenvolvem anticorpos”, disse, adiantando que isso é uma análise que deve ser feita só já depois de concluída a vacinação para se trabalhar com amostras maiores e até analisar a quantidade de anticorpos que cada pessoa desenvolve.

O Hospital de São João foi o local de administração da primeira vacina contra a covid-19 em Portugal, a 27 de Dezembro. Desde esse dia, quando foram vacinados cerca de 2100 profissionais de saúde, “entre 4000 e 4100 pessoas” foram vacinadas, um trabalho que se espera estar concluído até ao final deste mês.

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