Uma centena de empresas é responsável pela maioria das receitas dos oceanos

Artigo científico divulga a lista “Ocean 100”, as cem empresas que mais benefícios retiraram do oceano.

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A dinamarquesa A.P. Møller-Mærsk figura do top 10 das empresas com mais receitas extraídas do oceano MICHAEL KOOREN/Reuters

Uma centena de empresas transnacionais, denominada “Ocean 100”, concentra a maior parte das receitas extraídas dos oceanos, tendo gerado 1,1 biliões de dólares (cerca de 904,5 mil milhões de euros) de receitas em 2018, segundo um artigo na revista científica Science Advances.

De acordo com os dados avançados pela Universidade de Duke e pelo Centro de Resiliência da Universidade de Estocolmo, se este grupo de empresas fosse um país, teria a 16.ª maior economia do mundo, o equivalente ao produto interno bruto (PIB) do México.

“Agora sabemos quem são alguns dos maiores beneficiários da economia oceânica e isso pode ajudar a melhorar a transparência no que concerne à sustentabilidade e administração dos oceanos”, afirmou, citado em comunicado, John Virdin, o director do Programa de Política Costeira e do Oceano, no Instituto Duke Nicholas para Soluções Políticas Ambientais.

Para este responsável, operar na economia do mar implica “muito conhecimento e capital” tanto para as indústrias estabelecidas como para as emergentes, como a mineração em alto mar e a biotecnologia marinha.

Os investigadores estudaram oito sectores da economia oceânica: petróleo e gás offshore (em alto mar), equipamentos e construção naval, produção e processamento de produtos do mar, transporte marítimo de contentores, construção e reparação naval, turismo de cruzeiros, actividades portuárias e energia eólica offshore.

Em 2018, as 100 maiores empresas representaram 60% das receitas (1,9 biliões de dólares) geradas por estes sectores.

O petróleo e o gás offshore lideram a lista da “Ocean 100” com uma receita combinada de 830 mil milhões de dólares, sendo que a única empresa de fora deste sector a figurar no top 10 da classificação é a dinamarquesa A.P. Møller-Mærsk.

O estudo apontou ainda um “padrão consistente”, dentro dos oito sectores analisados, num pequeno número de empresas. Em média, as dez maiores empresas de cada sector absorveram 45% da receita total dessa mesma área.

As maiores concentrações verificaram-se, no período em causa, no turismo de cruzeiros (93%), transporte de contentores (85%) e actividades portuárias (82%), o que, para os investigadores, pode representar “riscos e oportunidades”.

O director de ciências do Centro de Resiliência da Universidade de Estocolmo, Henrik Österblom, considerou que “os executivos seniores dessas poucas, mas grandes empresas, estão numa posição única para exercer a liderança global em termos de sustentabilidade”.

Henrik Österblom assegurou também que o facto de estas empresas terem a sua sede “num pequeno número de países” ilustra ainda que as acções conjuntas de alguns governos podem “mudar rapidamente a forma como o sector privado interage com o oceano”.

Já para o director do Centro para a Energia, Desenvolvimento e Ambiente Global, Daniel Vermeer, “os oceanos vão assumir, cada vez mais, um papel importante na economia global durante o século XXI”, considerando que a sustentabilidade dos ecossistemas oceânicos é um dos principais desafios à medida que os seus usos aumentam e o impacto das alterações climáticas sofre uma aceleração.

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