Mike Pompeo queria visitar a Europa, mas não encontrou boas-vindas

Viagem do chefe da diplomacia norte-americana no final do mandato de Trump foi cancelada depois de recusas de dirigentes europeus em recebê-lo.

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Mike Pompeo foi obrigado a cancelar a visita à Europa Reuters/POOL

A viagem à Europa do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, agendada para os últimos dias do mandato do Presidente Donald Trump, foi cancelada depois da recusa de alguns dirigentes europeus em reunir com o chefe da diplomacia dos Estados Unidos.

Pompeo planeava encontrar-se com o ministro dos Negócios Estrangeiros luxemburguês, Jean Asselborn, e com dirigentes da União Europeia em Bruxelas, incluindo o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell. No entanto, a visita ao Luxemburgo foi cancelada depois de o Governo local ter mostrado relutância em encontrar-se com Pompeo, de acordo com fontes diplomáticas que falaram sob anonimato com a Reuters.

A deslocação a Bruxelas ainda se manteve na agenda, mas tornou-se difícil justificar uma visita oficial com tão poucas reuniões, diz a Reuters.

Oficialmente, o Departamento de Estado justificou o cancelamento de todas as viagens marcadas para os últimos dias da Administração Trump com o trabalho de transição tendo em vista a entrada em funções do Presidente eleito Joe Biden, a partir de 20 de Janeiro.

Entre as razões para a alegada recusa em receber Pompeo está o incentivo dado por Trump à invasão do Capitólio em Washington, na semana passada, de acordo com uma fonte diplomática consultada pela Reuters. Os aliados europeus dos EUA sentiram-se “embaraçados” pelo comportamento do Presidente norte-americano ao promover um ataque dos seus apoiantes a um dos símbolos da democracia do país.

Asselborn criticou publicamente a postura de Trump a quem chamou de “criminoso” e “pirómano político”, durante uma entrevista radiofónica no dia seguinte ao incidente.

Para os diplomatas europeus, a recusa em receber mais uma visita da Administração Trump é também sinal do cansaço dos aliados tradicionais de Washington perante a imprevisibilidade e a desvalorização destes laços por Trump. Desde que chegou à Casa Branca, o Presidente cessante criticou frequentemente os aliados europeus da NATO, que acusou de não contribuírem financeiramente para a aliança.

Em Bruxelas, as expectativas são elevadas para o mandato de Biden, que se espera vir a fortalecer os laços entre a UE e os EUA.

Visita a Taiwan cancelada

O Departamento de Estado também cancelou a visita da embaixadora dos EUA na ONU, Kelly Craft, a Taiwan prevista para esta semana. Também foi dada a justificação de que a decisão se ficou a dever ao trabalho de transição para a nova Administração.

A visita de Craft seria uma derradeira iniciativa da Administração Trump para fortalecer os laços com Taiwan, embora com o risco de antagonizar ainda mais a China. Este ano, a ilha recebeu visitas oficiais de dois dirigentes governamentais norte-americanos e ambas foram acompanhadas de demonstrações de força de Pequim, que enviou caças para perto do espaço aéreo de Taiwan.

Os EUA renunciaram a manter relações diplomáticas formais com Taiwan nos anos 1970 para estabelecer laços com a China, que reivindica a ilha para onde fugiram os nacionalistas do Kuomintang após perderem a guerra civil em 1949. Desde então, Washington garante a segurança de Taiwan, impedindo uma invasão chinesa, mas furta-se a reconhecer a sua soberania.

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