Contra o “turismo de cannabis”: Amesterdão quer fechar coffee shops aos turistas

“Amesterdão é uma cidade internacional e queremos receber turistas, mas gostaríamos de turistas que viessem pela riqueza da cidade, pela sua beleza, pelas suas instituições culturais”, diz a autarca Femke Halsema.

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LUSA/Evert Elzinga
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Os turistas que visitem Amesterdão após a pandemia correm o risco de se depararem com as portas dos coffee shops fechadas, pelo menos se o desejo da presidente da câmara for avante. 

Numa carta enviada a 8 de Janeiro ao Conselho Municipal da autarquia, Femke Halsema propõe proibir a entrada de turistas nesses estabelecimentos de comercialização de cannabis.

“Nos últimos anos, constatamos que a procura de cannabis em Amesterdão aumentou enormemente”, disse a autarca numa entrevista à cadeia de televisão pública NOS, que desta forma pretende “reduzir o poder de atracção” da cidade “enquanto local de férias para o turismo das drogas leves”, mas também controlar a cadeia de fornecimento dos coffee shops.

Para Halsema, trata-se de uma questão ligada ao aumento dos turistas, em que parte deles integram o “turismo de cannabis”, deslocando-se à cidade exclusivamente para consumir a droga, o que constitui uma “fonte de aborrecimento” no centro da cidade. “Amesterdão é uma cidade internacional e queremos receber turistas, mas gostaríamos de turistas que viessem pela riqueza da cidade, pela sua beleza, pelas suas instituições culturais”, defendeu.

Segundo a proposta, que será discutida com o Conselho Municipal no final deste mês, só aos residentes seria permitido o acesso aos 166 coffee shops existentes em Amesterdão. Para já, conta com o apoio das forças de segurança e procuradores. Se for aprovada, pode entrar em vigor no próximo ano, aponta o The Guardian, mas irá existir um período de consulta e de transição para os proprietários. Femke Halsema também pretende criar uma marca de coffee shops de Amesterdão, para regular o mercado.

Os Países Baixos têm 570 coffee shops, sendo que 30% se localizam em Amesterdão, indicam dados do Ministério da Saúde Pública holandês. Desde a década de 1970 que o Governo tolera os estabelecimentos que vendem cannabis aos consumidores, cuja produção e fornecimento são, porém, ilegais.

Não é a primeira vez que se fala de proibir a entrada de turistas nos coffee shops de Amesterdão. Já em 2012, a lei esteve em cima da mesa, mas acabou por não ser posta em prática, ainda que esteja em vigor, por exemplo, em Maastricht. Vítima do seu próprio sucesso, a autarquia tem aplicado várias medidas para controlar o excesso de turistas no centro, ponderando até o encerramento do Red Light District.

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